A secretária Maria Esther Carneiro de Souza combateu durante muito tempo uma dor nas costas que a deixava ?entrevada?. Ela conta que sentia dor quando se abaixava, ?como uma espécie de pinçada na coluna?. Como demorou para buscar ajuda médica, só soube que as dores que sentia eram de uma hérnia de disco quando não agüentava mais. O distúrbio se forma quando o anel fibrocartilaginoso, uma espécie de ?amortecedor? que fica entre as vértebras da coluna, amenizando os impactos sofridos, se degenera e inflama. ?Isso acontece quando o núcleo desse anel se desloca e comprime as raízes nervosas, provocando dores que podem ser irradiadas nas costas ou nos membros inferiores?, explica o neurocirurgião Osmar José dos Santos de Moraes, da Sociedade Brasileira de Coluna Vertebral.
Segundo o reumatologista Valdelírio Feijó Azevedo, a principal causa da hérnia se dá, principalmente, pelo enfraquecimento muscular causado por vida sedentária, postura inadequada ou esforços físicos exagerados. Apesar de quase sempre estar associado a operações dolorosas, o problema, conforme o médico, pode ser resolvido clinicamente em cerca de 80% dos casos. Caso contrário, a cirurgia é a única solução. Ele explica que o tratamento clínico consiste em repouso e o uso de analgésicos, antiinflamatórios e relaxantes musculares. ?Uma fisioterapia consistente é importante para ajudar a solucionar o problema?, adianta.
Clínico e cirúrgico
?Não via a hora de voltar às minhas atividades normais?, conta Maria Esther, que, depois de passar por diversas sessões de fisioterapia e alongamento da musculatura, conseguiu, por meio de tratamento clínico, ficar longe do incômodo provocado pelas ?terríveis dores? que sofria. Por receio da cirurgia, a secretária diz ter considerado o procedimento cirúrgico como a última opção para solucionar o seu problema. Só que, de acordo com Azevedo, nos casos de lesões neurológicas mais graves, onde a dor se torna ?intratável? e existe a perda ou a atrofia da força muscular, só a cirurgia resolve.
Foi o que aconteceu com o representante comercial Everton Luiz Kozak, que depois de peregrinar por consultórios durante dois anos, descobriu que, tinha uma hérnia de disco e que precisava operá-la. ?Eu já não tinha mais força na perna esquerda, qualquer caminhada me deixava com dores insuportáveis?, conta. Depois de operado, passou algum tempo sem fazer grandes esforços e precisa usar um incômodo colete ortopédico, mas se mantém otimista: ?Só de saber que não vou mais sentir aquelas dores terríveis, sei que valeu a pena?, comemora.
Acupuntura e exercícios
O acupunturista Mauro Carbonar afirma que a especialidade é uma importante aliada nos tratamentos das dores lombares, como a hérnia de disco. Segundo ele, as agulhas colocadas no tecido subcutâneo emitem para o hipotálamo – região do cérebro que produz um hormônio com a função analgésica e antiinflamatória – impulsos motores que são devolvidos para a corrente sangüínea, interrompendo o ciclo da dor e atuando como analgésico natural do corpo. Para o médico, a acupuntura é uma excelente opção, podendo ser o tratamento de escolha ou estar associada a outros tipos de terapias para aliviar ou curar dores lombares.
A partir do diagnóstico da causa da dor, é possível avaliar qual tipo de esforço ou exercício a pessoa está liberada para fazer. Nesses casos, o alongamento é fundamental para o bom desempenho dos músculos e articulações. Também devem ser feitos antes de qualquer atividade física, porque preparam a musculatura para o esforço para o qual será exigida em seguida. Segundo Carbonar, isso vale até para aquela caminhada que parece ser completamente inofensiva.
Osmar de Moraes reconhece que, quando bem indicada e se o disco estiver comprimindo mecanicamente a raiz nervosa, em geral, o resultado é o alívio imediato da dor e do desconforto. ?O grande segredo da cirurgia na coluna como um todo e principalmente na hérnia de disco é a indicação precisa?, ressalta. Uma vez localizado o nervo que está com o diâmetro reduzido pela metade por cauda da compressão exercida por parte do disco que estravasou, é só corrigir o defeito mecânico para obter alívio completo da dor. Basicamente, foi o que aconteceu com Everton. No entanto, o especialista adverte que existe um mecanismo inflamatório que ainda não é bem conhecido e que, às vezes, compromete o resultado favorável das cirurgias.