O Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) acaba de anunciar a 2.ª fase do estudo “Epidor” – Estudo Epidemiológico da dor -maior pesquisa de prevalência de dor crônica já realizada no país, com o apoio da Janssen-Cilag Indústria Farmacêutica.

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Foram realizadas 2.446 entrevistas de moradores da cidade de São Paulo. O objetivo desta foi traçar o mapa da dor crônica na cidade de São Paulo.

A cidade foi escolhida pela sua representatividade populacional, muito próxima com o verificado no restante da população brasileira. Dessa vez, os pesquisadores analisaram bairros que apresentam maior índice de pessoas com dor crônica na cidade de São Paulo e qual a relação desses relatos com fatores como escolaridade, renda, densidade demográfica e índice de exclusão social. O estudo também avaliou a correlação das dores com a profissão, obesidade e como o local da dor influencia o tipo de tratamento escolhido.

Donas de casa e aposentados

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O levantamento mostrou que, em geral, a dor está concentrada em regiões onde a população apresenta baixa escolaridade. Entre as pessoas com 15 anos ou mais de estudo a prevalência de dor é de 23,5%, chegando a 33,7% entre os analfabetos.

“Nossa hipótese é que a falta de esclarecimento faça com que a pessoa não procure um tratamento adequado para resolver de vez seu problema de dor”, afirma a coordenadora do estudo, Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre, do Departamento de Epidemiologia da USP.

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De acordo com os dados, a dor está mais presente em aposentados (36%), autônomos (35,7%) e donas de casa (33,3%). A obesidade também está diretamente relacionada com essa condição.

Entre os obesos, a prevalência de dor chega a 32,6%, contra 21,6% entre as pessoas desnutridas. Entre as pessoas que apresentam dor nas costas, 45,1% não utilizam nenhum tipo de tratamento. 54,6% das pessoas que apresentam dores crônicas nos membros inferiores não utilizavam nenhum tipo de tratamento.

Subdiagnosticada

Os bairros que apresentaram maior índice de dor crônica, segundo o estudo, estão localizados, invariavelmente, na periferia da cidade. No entanto, uma das surpresas do estudo foi a inclusão de bairros de classe social mais elevada, como Itaim Bibi (48%) e Morumbi (45%) entre as regiões com alta prevalência de dor.

“Isso mostra que apesar da estatística relacionar a dor crônica com baixa escolaridade da região, ela está presente em todos extratos da sociedade”, explica a epidemiologista.

De acordo com o ortopedista Rogério Teixeira da Silva, do Comitê de Traumatologia Esportiva da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), esses números alarmantes refletem uma realidade no país. Para o especialista, a dor continua uma condição subdiagnosticada e subtratada no Brasil.

“Ainda falta a conscientização sobre a importância de fazer uma correta avaliação da dor usando escalas objetivas, que quantificam a dor e facilitam a vida do paciente e do médico”, afirma.

O traumatologista explica que a Organização Mundial da Saúde (OMS), inclusive, estabelece alguns princípios para o tratamento da dor, entre eles a escada analgésica, que estabelece o tipo de medicamento conforme a intensidade da dor.

Para a entidade, em muitos serviços, o conhecimento disso já bastaria para que os medicamentos mais eficazes fossem usados. “O que observamos de rotina é que as dores mais intensas e as dores crônicas são pouco tratadas, ou pelo desconhecimento da ação do medicamento ou pelo receio das complicações”, reconhece Rogério da Silva.

O ortopedista alerta ainda sobre o uso abusivo de antiinflamatórios para o tratamento da dor. “O uso desse tipo de medicamento sem orientação leva a uma série de problemas para o paciente, como complicações renais e hepáticas”, completa.

Onde dói mais

* 22% têm dor nas pernas e pés
* 21% têm dor nas costas
* 17% dores no peito
* 15% dores de cabeça
* 12% dores nos braços e mãos
* 12% têm dor em múl,tiplos locais

Quem sofre

* 28,7% da população em geral
* 20% dos homens
* 34% das mulheres
* 20% dos jovens entre 18 a 29 anos
* 32.6% dos obesos
* 30% das pessoas com sobrepeso

Acupuntura e as lesões do esporte

No mundo dos esportes há uma constante busca de métodos para melhorar o desempenho e aumentar a competitividade dos atletas. O mesmo acontece com os tratamentos para aliviar a dor.

Neste quesito, é cada vez mais comum o uso da acupuntura. A técnica milenar ganhou interesse da área esportiva, tornando-se mais uma alternativa para acelerar a recuperação física pós-treinamento, prevenir lesões, aliviar dores musculares durante e pós-competições e tratar possíveis lesões.

Para cada tipo de esporte são estimulados um grupo de pontos para melhorar o desempenho músculo-articular, trazendo ganhos no desempenho para o praticante.

Os estímulos devem ser incorporados na rotina semanal dos esportistas. “A aplicação prioriza o grupo muscular mais utilizado no esporte que o atleta pratica”, explica Liaw Chao, acupunturista especializado em medicina esportiva.

Além do poder analgésico, a acupuntura relaxa a musculatura. Quando chegam as competições, os riscos de lesões tornam-se maiores. A musculatura do atleta é forçada ao extremo e a acupuntura possibilita que o lesionado recupere-se bem e volte a treinar. Estudos científicos comprovam os efeitos da acupuntura no ganho de resistência física em alguns esportes.

As agulhas de acupuntura são aplicadas nos pontos a serem estimulados. Esse estímulo é transmitido pelas terminações nervosas até o sistema nervoso central, induzindo a liberação de substâncias analgésicas e antiinflamatórias. É imprescindível procurar um especialista para fazer o diagnóstico e um médico acupunturista para o tratamento.