Além de todas as graves conseqüências que o uso de doping pode trazer para os atletas quando usados com freqüência, o fato de a prática ser considerada uma adição (dependência) igual às outras traz conseqüências ainda mais graves.
Durante o recente 30.º Congresso Mundial de Medicina do Esporte, realizado em Barcelona, Giselher Spitzer, pesquisador da Humboldt University Berlin, afirmou que não há diferenças entre o doping e o uso de drogas como maconha, cocaína e anfetaminas.
Considera-se como doping a utilização de substâncias ou métodos capazes de aumentar artificialmente o desempenho esportivo.
“Se seus filhos vão a uma discoteca e tomam anfetaminas ou tomam ritalina para hiperatividade, as conseqüências são as mesmas do uso de doping, assim como alguns efeitos colaterais também são os mesmo”, avaliou o especialista.
Por outro lado, com relação a atletas adultos, a visão do pesquisador é a mesma. “Assim como nós levamos muito em consideração a questão da dependência no caso das drogas ditas ‘comuns’, o mesmo deve ser feito com relação aos atletas”, ressalta Spitzer.
De acordo com o pesquisador, tal como o consumo de substâncias nocivas, o doping pode causar dependência grave, fazendo com que o atleta não consiga viver sem o uso freqüente.
A constatação dos pesquisadores é de que, hoje, existe um ambiente geral favorável à inclinação e tentação para o uso de doping. O apelo e o preço do triunfo no desporto são os mesmos que em outras áreas.
A dicotomia vitória/derrota também é reconhecida nos demais setores da sociedade, só havendo lugar para a exaltação dos vencedores e para o menosprezo, esquecimento e exclusão dos vencidos.