Tosse seca, peito chiando e respiração acelerada: estes são os principais sintomas da bronquiolite, uma infecção respiratória aguda causada freqüentemente pelo vírus sincicial respiratório (VSR), que se manifesta, com freqüência, durante a temporada que vai do começo do outono até o final do inverno, devido às baixas temperaturas nesse período. Com a chegada do frio as pessoas se preocupam com gripes e resfriados, e, na maioria das vezes, nunca ouviram falar nas infecções causadas pelo vírus. Apesar disso, estima-se que o VSR seja responsável por cerca de 55% das internações por pneumonia e 70% das internações por bronquiolite em crianças menores de 2 anos de idade.
Um levantamento realizado com crianças internadas na pediatria do Hospital Universitário da USP, em São Paulo, indicou que cerca de 80% delas têm problemas respiratórios; destas, cerca de 60% têm como causa o VSR. Em Curitiba, não existe esse tipo de estudo, mas a coordenadora do Serviço de Infectologia do Hospital Pequeno Príncipe, Heloisa Giamberardino, observa que os números não devem ser muito diferentes. ?Muitas vezes, a criança chega com algum tipo de infecção no trato respiratório, é medicada e recebe alta sem entrar para as estatísticas da doença?, admite.
Preocupação com crianças prematuras
Segundo Sandra Elisabete Vieira, pneumologista e pesquisadora do vírus na USP, ainda hoje o diagnóstico do VSR é restrito, podendo ser confundido com outros agentes causadores de doenças respiratórias. Os quadros mais graves, conforme a pesquisadora, ocorrem principalmente em bebês prematuros, crianças com asma e portadores de doenças pulmonares e cardíacas. Ela salienta que, por ser um vírus sazonal, terminada a temporada de inverno, o risco de adquirir a doença praticamente acaba, porém volta no outono seguinte.
Heloisa Giamberardino explica que, inicialmente, a infecção é semelhante a uma gripe, com febre, coriza, tosse e espirros. Depois de alguns dias, a criança começa a apresentar tosse acentuada, cansativa, respiração acelerada e falta de ar. Como afeta com mais intensidade crianças abaixo de um ano de idade, a médica salienta que esses incômodos chegam a dificultar as mamadas. ?É, principalmente, nessa hora que os pais devem se preocupar e buscar atendimento médico especializado?, enfatiza.
Não existe tratamento medicamentoso específico de uso rotineiro para infecção por VSR. ?Habitualmente é realizado o tratamento de suporte, como manter a criança hidratada, remover as secreções e ministrar oxigênio, para melhorar a respiração”, afirma Heloisa Giamberardino. A doença acomete a população indistintamente, porém os mais atingidos são mesmo as crianças com menos de dois anos de idade (a maioria dos casos ocorre entre 3 e 6 meses). Já em adultos e crianças maiores, conforme os especialistas, ela costuma ser mais leve, não passando de um quadro semelhante à gripe.
Transmissão e profilaxia
A transmissão do vírus se dá de pessoa para pessoa, por meio do contato das secreções contaminadas. O doente, ao levar sua mão à boca, nariz ou olhos, contamina suas mãos e, ao tocar em outras pessoas pode espalhar a doença. A pessoa sadia também pode se infectar ao respirar num ambiente onde um doente, ao tossir, falar ou espirrar deixe gotículas contaminadas (com o vírus) dispersas no ar. A única medida profilática disponível é a aplicação de uma vacina (só ministrada em hospitais ou em clínicas de imunização) que tem ação neutralizante e inibitória do VSR. A primeira dose deve ser ministrada no início da estação do vírus e deve ser repetida nos meses seguintes até o final da estação. No ano seguinte, se ainda houver indicação, a profilaxia deve ser repetida.
PARA DIMINUIR O RISCO DO VSR
– Evitar aglomerações.
– Lavar as mãos com freqüência e sempre antes de pegar o bebê (o vírus permanece vivo nas mãos por mais de uma hora).
– Cuidar ao manusear objetos do bebê.
– Evitar contato de bebês com crianças mais velhas e adultos com sinais de resfriado ou gripe.
– Evitar contato com fumantes e com ambientes poluídos.
– Manter bem alimentada e oferecer bastante líquido à criança.