Doenças respiratórias ameaçam os bebês

Um visitante indesejado é esperado sempre que o outono chega e, muitas vezes, só vai embora quando termina os dias mais frios, perto da primavera. É o vírus sincicial respiratório (VSR).

Por esse motivo, as autoridades médicas e os pediatras chamam a atenção dos pais para que reconheçam e valorizem os sintomas dessa doença, que afeta com gravidade os bebês. As complicações advindas do “ataque” desse vírus estão entre as maiores causas de mortalidade por doenças respiratórias entre os pequenos.

Tosse seca, peito chiando e respiração acelerada: estes são os principais sintomas da bronquiolite, uma infecção respiratória aguda causada frequentemente pelo VSR – também conhecida como “mal dos berçários”, que se manifesta, com frequência, durante a temporada que vai do começo do outono até o final do inverno no hemisfério sul.

Estima-se que o VSR seja responsável por cerca de 70% das internações de crianças menores de dois anos de idade, com sintomas de doenças respiratórias. O vírus causa estragos durante o período em que os termômetros indicam temperaturas mais baixas, sobretudo nos bebês com a imunidade baixa e, principalmente, tem particularidade de afetar mais severamente os lactantes, podendo derivar rapidamente para complicações graves, como bronquites e pneumonias.

Prematuros

Dados não oficiais apontam que cerca de 80% das crianças internadas nas pediatrias dos hospitais têm problemas respiratórios. “Muitas vezes, a criança chega com algum tipo de infecção no trato respiratório, é medicada e recebe alta sem entrar para as estatísticas da doença”, admite a pediatra Ana Accioly.

Nos dois primeiros anos de vida, os brônquios e todas as vias respiratórias são muito pequenas e “finas”, por isso se obstruem com facilidade quando inflamam pela ação do vírus.

O desconforto pode começar com um chiado ao respirar. Alguns alvéolos pulmonares entram em colapso. Esse fenômeno se produz simultaneamente em diferentes áreas do pulmão e pode ocorrer uma falha respiratória que requer hospitalização e, por vezes, o uso de ventilação mecânica.

Segundo a especialista, ainda hoje, o diagnóstico do VSR é restrito, podendo ser confundido com outros agentes causadores de doenças respiratórias. Os quadros mais graves, conforme a médica, ocorrem principalmente em bebês prematuros, crianças com asma e portadores de doenças pulmonares e cardíacas.

Por ser um vírus sazonal e oportunista, terminada a temporada de inverno, o risco de adquirir a doença praticamente acaba, voltando a incomodar no outono seguinte.

Tratamento de suporte

A pediatra explica que, inicialmente, a infecção é semelhante a uma gripe, com febre, coriza, tosse e espirros. Depois de alguns dias, a criança começa a apresentar tosse acentuada, cansativa, respiração acelerada e falta de ar. Como afeta com mais intensidade crianças abaixo de um ano de idade, a médica salienta que esses incômodos chegam a dificultar as mamadas. “É, principalmente, nessa situação que os pais devem se preocupar e buscar atendimento médico especializado”, enfatiza.

Não existe tratamento medicamentoso específico de uso rotineiro para infecção por VSR. Habitualmente é realizado o tratamento de suporte, como manter a criança hidratada, remover as secreções e ministrar oxigênio, para melhorar a respiração.

Quando o vírus não deriva para complicações maiores, a enfermidade tende a, curar-se sozinha, depois de aproximadamente, uma semana. Posteriormente, o desconforto pode continuar por alguns dias, mas pouco a pouco irá desaparecer.

A doença acomete a população indistintamente, porém os mais atingidos são mesmo as crianças com menos de dois anos de idade (a maioria dos casos ocorre entre 3 e 6 meses). Já em adultos e crianças maiores, conforme os especialistas, ela costuma ser mais leve, não passando de um quadro semelhante à gripe.

Transmissão e profilaxia

A transmissão do vírus se dá de pessoa para pessoa, por meio do contato das secreções contaminadas. O doente, ao levar sua mão à boca, nariz ou olhos, contamina suas mãos e, ao tocar em outras pessoas pode espalhar a doença.

A pessoa sadia também pode se infectar ao respirar num ambiente onde um doente, ao tossir, falar ou espirrar deixe gotículas contaminadas (com o vírus) dispersas no ar.

A única medida profilática disponível é a aplicação de uma vacina (só ministrada em hospitais ou em clínicas de imunização) que tem ação neutralizante e inibitória do VSR.

A primeira dose deve ser ministrada no início da estação do vírus e deve ser repetida nos meses seguintes até o final da estação. No ano seguinte, se ainda houver indicação, a profilaxia deve ser repetida.

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