Doenças alérgicas são cada vez mais incidentes

Quando você percebe ou seu médico consegue ouvir um chiado no peito, isto significa que há algo comprimindo seus bronquíolos – ramificações das vias aéreas, muito finas, existentes em milhares nos pulmões.

Isso acontece quando esses pequenos “tubos de respiração” sofrem algum tipo de inflamação. A maioria é causada por elementos irritantes, como fumaça, impulsos nervosos (como estresse) ou uma alergia.

As alergias são reações exageradas do sistema imunológico a substâncias que não causam sintoma algum na maioria das pessoas, mas que em pessoas predispostas ao distúrbio é facilmente percebida.

Essas reações podem vir em forma de rash cutâneo, normalmente provocado por agentes químicos; coriza e nariz entupido, devido à poeira, pólen ou outros agentes; coceira nos olhos; distúrbios estomacais ou intestinais; e tosse, falta de ar ou qualquer disfunção respiratória provocada por diversos tipos de alérgenos – toda substância capaz de desencadear uma reação alérgica. Esse é o cenário que popularmente chamamos de alergia.

O professor doutor Torsten Zuberbier, chefe do ECARF (European Centre for Allergy Research Foundation), do departamento de pesquisa em Alergia do Departamento de Dermatologia e Alergia do Hospital Universitário Charité, de Berlim, Alemanha, lembra que existem três maneiras básicas de tratar alergias: medicação, vacinas (imunoterapia) e interrupção do contato com substâncias que provocam a alergia.

O médico participou, em Curitiba, do I Simpósio Internacional de Alergia e Dermatologia, promovido pelas sociedades brasileiras de Alergia e Imunopatologia, e Dermatologia, regionais Paraná.

Enfermidade crescente

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que as alergias atingem cerca de 30% da população mundial. Na ocasião, o especialista reconheceu as alergias, como uma enfermidade típica dos países industrializados.

Diversos estudos epidemiológicos apontam que o aumento no número de casos é consequência da crescente poluição no ar -principalmente nos grandes centros urbanos – e da pouca qualidade de vida nessas regiões, o que inclui, principalmente, maus hábitos alimentares e rotinas de vida sedentária.

Um bom exemplo: a ex-Alemanha Ocidental apresentava um índice muito mais alto de incidência de alergias que a Alemanha Oriental. No entanto, desde a reunificação do país, com a industrialização rápida das regiões no leste alemão, o número de alérgicos cresceu assustadoramente na região.

“Existem vários tipos de alergia e cada um tem suas próprias características”, reconhece Zuberbier. Embora cada organismo reaja de uma forma diferente a determinada substância, os causadores mais comuns são: ácaros, pólen, fungos, descamação de animais, insetos, alimentos e medicamentos.

Para o professor, não importa onde está a culpa, se na poluição ambiental de hoje ou se um período de infância extremamente asséptica, bem diferente da vivida em décadas anteriores.

A falta de informação, de programas específicos de prevenção e a dificuldade de acesso aos serviços médicos especializados são os principais problemas para os pacientes que sofrem dessas doenças no mundo. A alergia tem caráter hereditário e se desenvolve no momento em que o organismo é sensibilizado por algum tipo de agente externo.

“Apesar de os estímulos para o surgimento do distúrbio ocorrer em qualquer época da vida, cada vez mais os jovens sofrem crises alérgicas”, alerta Torsten Zuberbier. Considerada durante décadas como uma “enfermidade de segunda categoria”, ou seja, com pouco interesse por parte, das autoridades sanitárias, a alergia vem recebendo, nos últimos anos, cada vez mais atenção.

A natureza floresce, a alergia aparece

Apesar de se caracterizar, neste ano, por uma estação mais chuvosa, nem todos se alegraram com a chegada das flores na Primavera. É porque uma grande parte das pessoas alérgicas desenvolve algum tipo de alergia, geralmente devido ao pólen das árvores que florescem nesta estação do ano e que são transportados pelo vento.

Com efeito, aumentam o número de casos da chamada febre do feno (ou polinose), que podem ir além de incômodos espirros ao longo do dia, chegando a provocar doenças respiratórias mais preocupantes, como rinite, sinusite e até asma alérgica. Na maioria dos casos, as reações alérgicas ao pólen aparecem entre os oito e os 20 anos de idade.

Enquanto a grande maioria da população passa horas do dia nas ruas, parques ou espaços ao ar livre, o alérgico sazonal vê-se confinado a ambientes fechados, passa os dias  ensolarados espirrando e tossindo, sempre envolto com medicamentos e lenços de papel. O período de incidência dos sintomas também varia, podendo chegar até o fim do Verão, enquanto o pólen das flores permanece suspenso no ar.

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