Quando um médico faz menção ao parkinsonismo não se está, necessariamente, se referindo à doença de Parkinson.
É que o conjunto de sinais e sintomas neurológicos pode ser causado por doenças diferentes ou induzido pelo uso de medicamentos, por exemplo.
Algumas drogas usadas para vertigens e tonturas, outras para doenças psiquátricas e alguns remédios para hipertensão, estão entre eles.
Entretanto, 70% dos casos, a principal causa dessa síndrome é mesmo a própria doença de Parkinson, os demais casos se tratam de enfermidades ou condições clínicas nas quais os sintomas são semelhantes, porém com características diferentes. A história clínica e evolução é que vão ajudar no diagnóstico diferencial.
A doença, que costuma instalar-se de forma lenta e progressiva, em geral em torno dos 60 anos de idade, afeta mais de 200 mil pessoas no Brasil, conforme estimativa do Ministério da Saúde.
Com o envelhecimento da população (segundo o IBGE, são cerca de 30 milhões de pessoas acima dos 50 anos) aumenta ainda mais a preocupação com a doença. A doença de Parkinson é uma patologia degenerativa do sistema nervoso central, crônica e progressiva.
“É causada por elevada diminuição de neurônios que contém dopamina -substância química que auxilia a transmissão de informações entre células nervosas”, explica Carlos Rieder, neurologista da Academia Brasileira de Parkinson.
Diagnóstico clínico
Esse neurotransmissor colabora com a realização automática de movimentos voluntários do corpo. Devido à dopamina, por exemplo, não é necessário “pensar” no movimento de cada músculo envolvido em uma ação.
Naturalmente, com a idade, todas as pessoas saudáveis apresentam uma morte progressiva das células nervosas que produzem a substância. “No entanto, a perda excessiva, sobretudo na região encefálica denominada substância negra, promove a perda do controle motor, gerando os sintomas característicos do parkinsonismo”, esclarece o especialista.
O neurologista Otto Jesus Fustes, do Hospital Pilar, comenta que, à exceção do exame de tomografia com emissão de pósitrons (PET-SCAN), não existem exames complementares para a confirmação do diagnóstico da doença de Parkinson.
Por isso, este é primordialmente clínico. “Para fazê-lo, o médico se orienta pelos sinais e sintomas neurológicos que o paciente apresenta”, observa, salientando que, além de outras doenças degenerativas, estudos confirmam que fatores genéticos e ambientais estão entre as causas da doença.
Muitas vezes, esses sintomas podem ser confundidos com os sinais da idade. Portanto, a cada situação em que o idoso apresentar dificuldades na realização de atividades cotidianas, como vestir as meias, sapatos ou camisas, os familiares devem procurar um neurologista, especialista no tratamento da doença, para que uma investigação minuciosa seja feita.
A enfermidade não leva à morte, não afeta outros órgãos, nem é hereditária ou contagiosa. “A partir de seu surgimento, a patologia progride durante toda a vida, porém, com adequado tratamento, o prejuízo funcional determinado pelos diversos sintomas pode ser controlado e minimizado, além da sua evolução atenuada”, admite Carlos Rieder.
Medicamentos gratuitos
Com efeito, seus sinais e sintomas respondem de forma satisfatória aos medicamentos existentes. Essas drogas são sintomáticas e apenas repõe parcialmente a dopamina que está faltando, atenuando os sintomas da doença.
O neurologista explica que, por isso, devem ser usados para sempre ou até que surjam tratamentos mais eficazes. Ainda não há no mercado drogas que possam evitar, de forma inequívoca, o avanço da degeneração de células nervosas que causam a doen&c,cedil;a ou curá-la.
Há diversos tipos de medicamentos antiparkinsonianos disponíveis, que devem ser ministrados em combinações adequadas a cada paciente e fase de evolução da doença, garantindo assim uma melhor qualidade de vida e independência ao enfermo.
O governo brasileiro, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), distribui gratuitamente todos os medicamentos disponíveis no mercado brasileiro para o tratamento do parkinsonismo.
A terapia ocupacional também é muito importante durante o tratamento da doença de Parkinson.
Sempre respeitando os seus limites, o paciente deve trabalhar a mobilidade, coordenação e velocidades dos movimentos visando tornar-se independente funcional.
Com o treinamento, as atividades passam a ser mais fáceis de serem executadas.
Atividades artísticas, como aulas de canto e pintura, ajudam o paciente a aumentar sua autoestima.
“É possível, dessa maneira, mostrar à sociedade que o portador da doença de Parkinson tem muito a contribuir e não deve se sentir excluído”, considera Carlos Rieder.
Tremores
Os sintomas da doença de Parkinson aparecem inicialmente em apenas um lado do corpo. O tremor – sua característica mais perceptível – acontece durante o repouso, melhorando quando o paciente move o membro afetado. Todavia, não está presente em todos os pacientes com o distúrbio.
Assim como nem todos as pessoas que apresentam tremor são portadores de tal enfermidade. O paciente percebe que os movimentos com o membro afetado ficam mais difíceis, mais vagarosos, atrapalhando suas tarefas habituais, como escrever, manusear talheres, abotoar roupas.
Sente também o lado afetado do corpo mais pesado e enrijecido. Esses sintomas aumentam de intensidade, chegando ao outro membro do mesmo lado e, após alguns anos, todo o outro lado do corpo. O paciente também pode apresentar dificuldade para andar (caminha com passos pequenos) e alterações na fala.
Quatro sinais principais
* Tremores
* Acinesia ou bradicinesia – lentidão e pobreza dos movimentos voluntários
* Rigidez – enrijecimento dos músculos, principalmente no nível das articulações
* Instabilidade postural – dificuldades relacionadas ao equilíbrio, com quedas frequentes.
Para manter a qualidade de vida
* Não ingerir café ou álcool
* Manter as áreas de circulação livres de obstáculos
* Instalar luzes para a circulação noturna
* Eliminar divisórias de vidro no banheiro
* Usar tapetes de borracha antiderrapante no banheiro
* Preferir copos descartáveis
* Instalar corrimãos nas escadas
