Doença de Chagas em populações antigas

Seres humanos já estavam sofrendo da doença de Chagas 9 mil anos atrás, segundo testes feitos com múmias do Peru e do Chile. O estudo foi o primeiro de grande escala (283 múmias) com o objetivo de entender o impacto da doença em populações antigas. Os resultados indicam que a alta percentagem de pessoas infectadas com o parasita da doença – 115, ou seja, 40,6% – não variou significativamente ao longo dos anos, nem segundo sexo ou peso da vítima. A alta prevalência da doença no passado é semelhante à de algumas regiões endêmicas da América Latina hoje, que costuma variar de 20% a 60%. A região do deserto de Atacama, no sul do Peru e norte do Chile, é extremamente árida, causando mumificação natural dos cadáveres. Isso permite a conservação de tecidos moles do corpo, que podem ter seu material genético (DNA) retirado e testado. Estudos anteriores já haviam mostrado a presença de doença de Chagas em múmias latino-americanas. Um desses estudos foi feito por cientistas da Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz) e apresentado em 1999 na 51.ª reunião anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) pelo chefe do grupo, Luiz Fernando Ferreira. O novo estudo foi feito por uma equipe internacional de 11 pesquisadores, liderada por Arthur Aufderheide, da Universidade de Minnesota, em Duluth (EUA).

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