O empresário Alexandre Freitas, 26 anos, conta que bebe de duas a três vezes por semana e, mesmo fazendo atividades físicas, não consegue acabar com aquela barriguinha ?charmosa?, que teima em aparecer, mesmo quando ele tenta escondê-la. Mal sabe que, além de colocar em xeque a sua aparência, a grande quantidade de gordura localizada na região abdominal é um fator de risco adicional para os males cardíacos. O tipo de gordura concentrada nessa região do corpo migra facilmente para as artérias coronárias. Outro ponto negativo é que a cinturinha larga aumenta a chance de desenvolver o diabetes, infarto, acidente vascular cerebral (derrame) ou a outras doenças cardiovasculares
Os especialistas confirmam que aquela barriga indesejável pode acarretar algo muito pior do que um simples desconforto estético. Conforme um estudo da Sociedade Brasileira de Cardiologia, ao lado do tabagismo, a obesidade abdominal é uma das principais causas de infarto. Estima-se, também que, no país, ela esteja presente em 40% da população adulta e em 30% das crianças. ?Portanto, as taxas de prevalência desse tipo de obesidade indicam a necessidade de ações preventivas", informa o especialista.
Síndrome metabólica
A cardiologista do Hospital Cardyológico Costantini, Maria do Rocio Peixoto de Oliveira explica que a obesidade abdominal se caracteriza pelo acúmulo de gordura no interior do abdome e que faz parte dos fatores que levam a uma síndrome metabólica ? uma conjunção de fatores de risco cardiovascular. Conforme a médica, essa síndrome é diagnosticada pela presença de três entre os cinco fatores de risco: circunferência abdominal maior que 102 cm nos homens e 88 cm nas mulheres, altos níveis de triglicérides, índice glicêmico maior que 100, LDL (mau colesterol) alto, baixos níveis de HDL (bom colesterol); e pressão arterial igual ou superior a 130/80 (13 por 8).
A obesidade abdominal, de acordo com a cardiologista, favorece o depósito de placas de gordura nas artérias, deixando a pessoa predisposta ao enfarte, a problemas renais e a comprometimentos vasculares. ?Pessoas magras, mas com adiposidade localizada no abdome, também correm o mesmo risco?, adverte. Por isso, ela aconselha aos ?barrigudinhos? que evitem o consumo de alimentos altamente calóricos, preferindo legumes, frutas e verduras nas refeições, além de ressaltar a necessidade de atividades físicas freqüentes.
"Atualmente, tanto homens quanto mulheres apresentam prevalência de obesidade abdominal como nunca observado antes", afirma o cardiologista Álvaro Avezum. O infarto costuma acometer indivíduos com mais de 50 anos, entretanto, Avezum tem observado o aumento gradativo do número de pessoas na faixa dos 40 anos buscando auxílio nos pronto-atendimentos cardíacos. Maria do Rocio Oliveira chama a atenção também para a crescente obesidade abdominal nas crianças. ?Os pais devem receber orientação médica para evitar que seus filhos se tornem adultos com problemas cardiovasculares?, avisa.
Conscientização e controle
A Federação Mundial de Cardiologia e o Laboratório Sanofi-Aventis anunciaram um acordo de parceria de três anos com foco na prevenção e controle de doenças cardiovasculares. O anúncio foi feito durante o 6.º Congresso Internacional de Cardiologia Preventiva (ICPC) da Federação Mundial de Cardiologia e confirma a importância da prevenção de doenças cardiovasculares no mundo.
A parceria tem por objetivo dar destaque à necessidade de se ampliarem as pesquisas e da conscientização da população para os fatores de risco das doenças cardiovasculares, entre elas obesidade abdominal e a síndrome metabólica. O objetivo é chamar a atenção para a circunferência abdominal como marcador de risco cardiovascular, que é de fácil medição, por meio de campanhas educacionais globais nos setores público e médico. A necessidade de focar a obesidade abdominal foi destacada recentemente em um estudo internacional, que avaliou a associação de uma série de fatores de risco com a ocorrência de ataques cardíacos em 52 países.
