Paradas bruscas dos movimentos no meio de uma ação. Espasmos no pescoço ou nos braços.
Tremores das mãos ou piscadas repetidas dos olhos. Essas são algumas das reações que, diariamente, acompanham a vida de mais de meio milhão de pessoas com distonia no país.
Muito confundida com tique nervoso, o distúrbio é uma doença neurológica que provoca espasmos musculares involuntários, resultando movimentos e posturas anormais que afetam muito a qualidade de vida dos portadores. Ao contrário do tique – uma manifestação semi-voluntária em que a pessoa tem controle sobre o gesto, a distonia produz espasmos musculares involuntários em determinadas regiões do corpo.
Como consequência, o portador pode ficar impossibilitado de andar, dirigir e realizar suas atividades básicas como tomar banho, escovar os dentes ou comer, tornando-se, em alguns casos, dependente de alguém para tais atividades. Além das limitações físicas, a doença afeta a autoestima dos portadores, podendo levar à exclusão social e, até, à depressão.
O neurologista Nilson Becker, especialista do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que a doença pode atrapalhar e prejudicar a qualidade de vida dos portadores. Entre as alternativas de tratamento está a aplicação da toxina botulínica tipo A.
Causa desconhecida
Além das limitações físicas, a doença afeta a autoestima, provocando graus de ansiedade e depressão. No ambiente de trabalho, os impactos podem ser ainda mais prejudiciais, já que os portadores de um tipo de distonia conhecida como “cãibra do escrivão” têm impossibilidade de escrita e digitação.
“Casos mais graves de distonia nos olhos, como o blefaroespasmo (contrações involuntárias do músculo que controla as pálpebras), por exemplo, podem levar à cegueira funcional”, reconhece o neurologista.
Além disso, os espasmos podem afetar pequenas regiões do corpo, como olhos, pescoço ou mão (distonias focais); pescoço e braço (distonias segmentares); um lado inteiro do corpo (hemidistonia); ou todo o corpo (distonia generalizada).
“Em alguns casos, o problema leva ao isolamento do convívio social, pois esses pacientes chamam a atenção por seus movimentos involuntários, e o estresse acaba fazendo com que os movimentos se intensifiquem”, assinala Becker.
De acordo com o neurologista Delson Silva, na maioria das vezes, a causa da disfunção não é conhecida, mas acredita-se que os movimentos anormais sejam resultados de uma disfunção de parte do cérebro, que causam a contração excessiva e involuntária dos músculos.
Par ao especialista, a falta de conhecimento sobre a doença e o fato de ser confundida, faz com que muitas pessoas não procurem orientação médica e vivam com sintomas tão debilitantes. “Casos mais graves de distonia nos olhos, por exemplo, podem levar à cegueira funcional”, admite o médico.
Toxina botulínica
Não existe cura para o distúrbio, mas há tratamentos disponíveis auxiliam na melhora da qualidade de vida dos seus portadores. Eles são direcionados para aliviar os sintomas de espasmos, dor, posturas e movimentos anormais provocados pela doença.
As técnicas empregadas dependem do tipo de distonia: os pacientes podem fazer uso de medicamentos via oral e, em alguns casos, o médico pode considerar a indicação do tratamento cirúrgico.
Não existe cura para a doença, mas há tratamentos disponíveis que auxiliam na melhora da qualidade de vida dos pacientes. As técnicas empregadas dependem do tipo de distonia: os pacientes podem fazer uso de medicamentos via oral e, em alguns casos, o médico pode considerar a indicação do tratamento cirúrgico.
Um dos tratamentos mais eficazes e seguros para a distonia em adultos é o uso da toxina botulínica tipo A. Aprovado pela Agência nacional de Vigilância sanitária (Anvisa) desde 1992, o medicamento é injetado diretamente nos músculos, inib,indo a liberação de um neurotransmissor (acetilcolina) que envia a mensagem do nervo para o músculo, promovendo a contração muscular.
A aplicação da toxina botulínica ameniza contrações e dores, além de ajudar a corrigir a postura, proporcionando mais qualidade de vida aos pacientes. A substância revolucionou o tratamento das distúrbio, “Quando injetada adequadamente, apresenta resultados eficazes em até 90% dos casos de blefaroespasmo, distonia cervical e espasmo hemifacial”, completa Becker.
Formas de distonia
* Blefarospasmo – acomete os músculos situados em volta dos olhos e que são responsáveis pelo fechamento das pálpebras
* Oromandibular – É caracterizada por espasmos no território inferior da face, tais como os lábios, boca, língua e mandíbulas
* Torcicolo – É a forma mais comum de distonia e acomete os músculos que sustentam o pescoço
* Espasmódica – Envolvimento dos músculos das cordas vocais, causa alteração da voz devido a espasmos involuntários das pregas vocais, laringe e faringe
* “Câimbra do escrivão” – Espasmos musculares ocorrem apenas durante um tipo específico de movimento, como, por exemplo, escrever, digitar ou tocar um instrumento musical
Difícil convivência
A distonia é uma doença que tem grande impacto na vida das pessoas e implica mudanças importantes na qualidade de vida. Abaixo, dicas para conviver melhor com o distúrbio:
* Ao primeiro sintoma da doença, procure um especialista
* Informe-se sobre a doença e suas as opções de tratamento
* Desenvolva uma rede de apoios que envolva outros portadores, amigos, família e médicos
* Não hesite em procurar a ajuda de outros profissionais de saúde, tais como, fisiatras, fisioterapeutas ou psiquiatras
* Informe-se sobre terapias complementares, por exemplo, fisioterapia
* Não deixe de fazer contato com uma associação de apoio ao portador de distonia