A educadora Suely Costa reclamava de cansaço constante, dor nas pernas, desânimo e sono sem qualidade. Guilherme, sete anos, perdia peso, bebia muita água e urinava muito. José Braz convive com a doença que o deixou cego há 26 anos. Todos sofrem de diabetes, uma doença de difícil controle e muita resignação. O diabetes é muito mais do que um problema que impede as pessoas de comerem doces, gorduras, beberem refrigerantes, sucos e outros, muito menos uma doença que pode ser tratada facilmente com dietas.
Este distúrbio metabólico impõe mudanças de estilo de vida, que são importantes para a saúde, e valem para todas as pessoas. O diferente é que se o diabético não seguir essas regras, as complicações podem chegar mais cedo. As pessoas com diabetes têm, basicamente, excesso de açúcar no sangue porque o pâncreas não produz insulina suficiente, ou porque alguns órgãos fecham as portas para essa substância responsável por levar a glicose da corrente sangüínea até os músculos, a camada de gordura, o fígado e a maioria das outras células, para que o corpo use-a como combustível.
Dieta equilibrada
Dados do Ministério da Saúde revelam que o diabetes mellitus atinge 11% das pessoas com mais de 40 anos no Brasil, correspondendo a 11 milhões de pacientes. Segundo a Federação Internacional do Diabetes, são mais de 151 milhões de diabéticos no mundo todo. Especialistas lembram que as atuais recomendações médicas reforçam a necessidade de uma dieta equilibrada para alcançar e manter níveis normais de glicose no sangue, pressão sanguínea e índices adequados de lipídios e proteínas. Esses são fatores que contribuem para a prevenção e redução das complicações da doença. ?A dieta, aliada à prática de atividades físicas e à medicação, é parte fundamental do controle do diabetes?, destaca Mara Andréia Valverde, doutora em Nutrição.
De alguns anos para cá, o tratamento nutricional dos diabéticos ganhou um grande impulso com a técnica de contagem de carboidratos, que passou a ser recomendada por importantes órgãos oficiais de combate à doença. Pela técnica, o paciente passa a ter uma variedade muito maior de alimentos e mais liberdade nos horários das refeições. ?Além de uma melhora do controle glicêmico e da qualidade de vida?, ressalta a nutricionista Deise Mendonça, do Centro de Diabetes de Curitiba (CDC), frisando que, desde que de maneira equilibrada, até alimentos com açúcar podem ser consumidos.
O plano alimentar deve ser estabelecido de acordo com a avaliação de uma equipe que inclui médicos e nutricionistas, devendo ser acessível ao paciente e atender as suas necessidades nutricionais. A contagem de carboidratos vem sendo aplicada com sucesso em todos os tipos de diabetes com benefícios importantes. Dados indicam que, além de ser mais barato, o plano alimentar consegue aumentar em até 70% o índice de adesão do paciente ao tratamento.
A DOENÇA
Fatores genéticos (herança familiar) e ambientais (obesidade, trauma emocional, gravidez, infecções bacterianas e viróticas, estresse, etc.) são alguns dos causadores do desencadeamento do quadro de diabetes. Ou seja, quando alguém recebe o diagnóstico de diabetes é porque tem propensão genética, aliada a um ou mais dos fatores desencadeantes.
É bom ficar atento a sintomas como sede excessiva, perda de peso, fome exagerada, cansaço inexplicável, muita vontade de urinar, má cicatrização, etc. Como várias outras doenças crônicas, o diabetes pode não apresentar sintomas durante anos, em especial no tipo 2, que atinge particularmente os adultos. Muitas vezes os sintomas, quando surgem, são um pouco vagos, como formigamento nos pés e mãos. Por isto, há necessidade de controle periódico por meio de exames de laboratório.
Diabetes gestacional
Uma das maiores preocupações das futuras mamães é não engordar demais durante a gravidez. Mais que uma questão estética, esse cuidado é essencial para que a gestação transcorra de forma saudável. Dentre os problemas que podem acontecer devido ao excesso de peso durante a gravidez, um dos mais perigosos é o diabetes gestacional, uma intolerância à glicose provocada pelo sobrepeso durante a gravidez. ?A insulina produzida passa a não ser suficiente, mesmo sem, até então, a mulher apresentar qualquer sinal de diabetes?, explica a ginecologista e obstetra Lídia Garber, da Maternidade Curitiba. O tratamento do diabetes gestacional exige, na maioria dos casos, uma dieta controlada, pobre em carboidratos e rica em vegetais e fibras, além de um controle freqüente e rigoroso do perfil glicêmico, ou seja, um controle da quantidade de açúcar no sangue da mãe é suficiente. Segundo a especialista, em casos extremos é preciso utilizar até mesmo a insulina nos meses finais da gravidez.
