Dados do último censo escolar, realizado pelo Ministério da Educação, apontam que mais de 50 mil estudantes brasileiros apresentam baixa visão e perto de dez mil alunos possuem graus elevados de comprometimento visual.
“Os problemas de visão estão entre as principais causas de evasão e reprovação escolar no Brasil”, adverte o oftalmologista Virgilio Centurion. Exames oftalmológicos de rotina em crianças ainda não são freqüentes no Brasil.
Dentro dessa realidade observa-se que a maioria das crianças já apresenta alguma queixa específica ao ser encaminhada ao oftalmologista pelos pais, pediatra ou, mesmo, pela escola.
Nos países desenvolvidos é comum a detecção precoce dos problemas oculares, pela existência de uma política de promoção da saúde ocular. No Reino Unido, por exemplo, o exame ocular é realizado rotineiramente nos recém-nascidos, visando a promover o mais precocemente possível, adequada orientação terapêutica e outras condutas de suporte às doenças oculares detectadas.
Os indícios são vários e podem ser percebidos até com facilidade. Em casa, por exemplo, quando a criança chega muito próximo à televisão, sente dores de cabeça constantes, comprime os olhos para conseguir ler ou enxergar algo ou esfrega os olhos com freqüência. Na escola, demora para copiar as atividades, falta de atenção ou necessidade de sentar muito perto do quadro-negro, por exemplo.
Exames periódicos
O processo de ensino-aprendizagem depende primordialmente da visão. Com tais deficiências, essas crianças, nos primeiros anos de vida escolar, são impedidas de ter acesso ao conhecimento.
“Parecem crianças desligadas, não prestam atenção em sala de aula e apresentam grande dificuldade em aprender”, reconhece Virgilio Centurion. Com efeito, pais e professores costumam atribuir esse comportamento a uma incapacidade “natural” do aluno para a aprendizagem. Também, pudera. A criança que tem dificuldade de leitura ou de visão não consegue acompanhar o ritmo dos colegas.
“Na verdade, o ideal seria fazer um exame periódico todo início de ano letivo”, defende o especialista. Caso seja detectado algum problema, essa periodicidade cai para visitas a cada seis meses ou consultas trimestrais. “Quanto mais precocemente detectado algum distúrbio, maiores são as chances de cura”, garante Tânia Schaefer, da Associação Paranaense de Oftalmologia.
Para ela, a avaliação visual deveria ser iniciada logo após o nascimento da criança, assim, más formações congênitas podem ser detectadas assim que o bebê nasce.
As patologias que prejudicam a visão dos pequeninos são muitas. Entre as principais estão os problemas de refração (miopia, astigmatismo, hipermetropia), a ambliopia (“olho preguiçoso”) e o estrabismo.
Os casos podem ocorrer simultaneamente, mas cada um exige tratamento específico. Entre os vícios de refração, ou seja, deficiências que precisam de correção óptica, a hipermetropia é um dos problemas oculares mais encontrados em crianças e adultos, levando a criança a se queixar de dor de cabeça ou desconforto para ler de perto, assistir à TV ou jogar videogame.
Alguns indícios de distúrbios oculares
Em casa
* Dor ou coceira nos olhos
* Dificuldade em distinguir cores
* Testa franzida para focar imagens
* Assistir televisão de perto
* Olhos vermelhos e irritados
Na escola
* Dificuldade em enxergar o conteúdo escrito no quadro negro
* Desinteresse
* Dores de cabeça após leitura
* Lentidão ao copiar a matéria
* Aproximar demais dos olhos livros e cadernos