Normalmente, os alimentos e os líquidos seguem um caminho desde o estômago até ao intestino delgado, órgão onde os nutrientes e a água são absorvidos. Em seguida, passam para o intestino grosso onde os restos não digeridos podem ser armazenados e mais tarde, eliminados.
Algumas vezes, infecções, intoxicações, inflamações ou outras situações podem impedir o funcionamento normal do intestino delgado ou do grosso. O movimento intestinal, que normalmente é lento e em ondas, pode aumentar, conduzindo os alimentos e líquidos rapidamente através dos intestinos.
A consequência desse rápido movimento é o aparecimento de fezes aquosas – o que, frequentemente, é referido como diarreia. Alguns sinônimos: gastroenterite aguda, dor de barriga, desarranjo.
No verão, é frequente o aumento dos casos agudos da doença. Essa condição pode ocorrer quando se ingere água ou algum alimento contendo bactérias ou vírus.
A desidratação e desnutrição são as complicações mais comuns e potencialmente graves. De acordo com a duração, a diarréia é classificada, basicamente, como aguda e crônica.
A aguda é aquela em que há o aumento súbito do número de evacuações e tem uma duração em média de 4 a 6 dias. Quando o distúrbio prolonga-se por mais de 30 dias é denominada diarréia crônica.
Reidratação oral
Algumas informações podem ser decisivas na definição do diagnóstico da diarreia aguda, como início e duração dos sintomas, tipos de alimentos ingeridos, vírus, bactérias, fungos e parasitas, uso de medicamentos recentes, tipos de sintomas apresentados, especificação da diarréia e história de emagrecimento, entre outros.
No Verão, há uma tendência natural de aglomeração o que facilita a propagação de vírus e bactérias em geral. Além disso, os alimentos ficam mais perecíveis e a água, mais contaminada.
O gastroenterologista Aderbal Sabra, autor do livro Diarréia Aguda e Crônica em Pediatria, faz algumas recomendações importantes para evitar esse mal: frequentar ambientes abertos, ter cuidado especial com alimentos, evitar alimentos crus, verificar a procedência da água e lavar as mãos sempre.
“Uma vez que a diarréia aguda infecciosa se estabelece, para seu tratamento, recomenda-se a terapia de reidratação oral”, observa o especialista. Ainda que diferentes agentes possam estar envolvidos no distúrbio, além desses cuidados, os probióticos vêm sendo indicados por várias sociedades médicas européias e latinoamericanas.
Edimilson Migowski, doutor em infectologia e mestre em pediatria pela UFRJ, informa que a diarreia aguda tem as seguintes fases: inicial de maior secreção e menor absorção de líquidos, em geral de maior gravidade, e uma segunda fase de menor gravidade.
Na fase mais aguda, tanto o volume de líquido na luz intestinal quanto o trânsito intestinal, são intensos. Esse distúrbio é uma das maiores causas de mortalidade infantil.
Surtos
O rotavírus também é uma das principais causas de diarréia grave em lactentes e crianças e é um dos diversos vírus que causam infecções. Estima-se que no mundo é responsável por 600 mil mortes por ano, em crianças abaixo de três anos de idade.
Outro vilão, e contra qual não existe vacina, é o norovírus, agente frequentemente relacionado com águas recreacionais (piscina, lagoas, cachoeiras e praias) que faz muitas vítimas entre crianças e adultos.
Para se ter uma idéia, é esse vírus o grande responsável por surto,s de diarréia em navios e cidades balneárias. Em muitos casos, entretanto, a diarréia se desenvolve sem qualquer causa identificável a não ser que o problema persista ou se torne frequente não há motivo para preocupação.
A maioria dos casos de diarréia é de menor importância e curta duração, e podem ser tratadas com dietas simples. De acordo com os especialistas, o primeiro passo é diminuir a ingestão de alimentos sólidos e ingerindo líquidos para evitar a desidratação.
Também é beber meia xícara de algum líquido (menos sucos de frutas como laranja, mamão) a cada 15 minutos. Os líquidos mais indicados são água e chá de ervas, e claro o soro caseiro, sendo muito fácil de preparar.
Em caso de utilização de produtos comerciais usados para reidratação de esportistas, verifique antes o teor de açúcar, que não pode passar de 10% para não agravar os sintomas.