Diagnóstico tardio prejudica o tratamento da DPOC

Depois de trinta anos fumando a pessoa começa a sentir falta de ar ao subir uma escada ou caminhar mais rapidamente e, mesmo assim, acredita que isso são coisas da idade ou simplesmente falta de condicionamento físico. Puro engano. Na verdade, ela pode estar sofrendo de DPOC ? Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, a quarta maior causa de morte no mundo. É certo que 85% dos pacientes apontados como portadores da moléstia fumaram cigarro por pelo menos duas décadas. Os sintomas (tosse, catarro, falta de ar) se por um lado, são essenciais para o diagnóstico, também podem mascarar o quadro, confundindo médicos, que enxergam na doença qualquer outro tipo de problema respiratório.

Com a proximidade do inverno, os problemas respiratórios se intensificam e o cenário se agrava ainda mais, não só pelas freqüentes crises, mas, sobretudo, pelo aumento da incidência de atendimentos nos pronto-socorros de todo o País. Ou seja, estar atento aos sintomas da DPOC é muito importante, principalmente, nessa época em que os sintomas de qualquer doença respiratória podem ser facilmente confundidos.

?A imprecisão e o diagnóstico tardio são características que acompanham a DPOC?, explica o presidente da Comissão de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Roberto Stirbulov. De acordo com o médico, por ser um mal crônico, saber da doença na fase inicial ainda é o melhor tratamento para o paciente, já que, uma vez iniciada, a DPOC é progressiva e não tem cura. A doença atinge principalmente os homens, fumantes e com idade acima de 40 anos.

Em quatro estágios

DPOC é considerada uma alteração respiratória grave, causada principalmente pelo hábito de fumar. A sigla se traduz na nova nomenclatura para a classificação tanto da bronquite crônica, quanto do enfisema pulmonar, manifestados em conjunto ou separadamente. No organismo, a doença atinge as vias aéreas inferiores, modificando a estrutura e deteriorando as funções pulmonares e pode ser diagnosticada pelo exame de espirometria (teste que avalia a função pulmonar). ?Quem fuma e tem episódios constantes de tosse e falta de ar deve procurar um médico, antes que a doença repercuta no organismo de forma negativa?, alerta Stirbulov.

Conforme o especialista, a doença se desenvolve em quatro estágios: leve, moderado, grave e muito grave. O desafio é fazer o diagnóstico ainda em fase inicial – o que geralmente não ocorre, porque o paciente só sabe que tem a doença quanto esta se encontra em estado avançado e lhe priva de atividades que exijam esforço físico. ?É preciso uma ação mais agressiva do médico que atende esse paciente", alerta o pneumologista. E os dados apontam que o médico tem razão. Anualmente, 30 mil brasileiros morrem devido à DPOC e esse número continua crescendo. Há previsão é de que até 2020, essa será a terceira causa de morte mais freqüente no mundo, atrás apenas da doença cardíaca isquêmica e da doença vascular cerebral. Conforme dados do Sistema Único de Saúde (SUS), os gastos com internações e tratamentos passam de 100 milhões por ano.

Tratamento

Apesar de a lesão pulmonar ser irreversível, o paciente com DPOC pode levar uma vida tranqüila, desde que seja tratado de forma adequada, e não utilize remédios que deteriorem ainda mais sua saúde. "Medicamentos errôneos não tratam doença em si, mas prejudicam o paciente, porque têm uma série de efeitos colaterais que agravam o quadro", adverte o pneumologista Roberto Stirbulov.

Atualmente, um dos medicamentos mais avançados utilizados para tratar a doença é o brometo de tiotrópio, substância desenvolvida exclusivamente para portadores de DPOC. Dentre os benefícios do medicamento, deve-se destacar uma melhora acentuada na qualidade de vida, além do fato de ser inalado uma única vez ao dia.

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