O sistema linfático é responsável pelas defesas do corpo. Ele é formado por gânglios ou linfonodos que produzem as células de defesa do organismo (linfócitos).
O linfoma é um tipo de câncer no qual há uma proliferação desordenada dos linfócitos. O tumor pode começar em várias partes do corpo, como abdome, virilha, pélvis, axilas e pescoço.
No recente caso relatado da ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseeff, de 61 anos de idade, foi encontrado um único linfonodo na axila esquerda.
De acordo com seus médicos, como o diagnóstico foi feito em estágio inicial, as chances de cura são de mais de 90%.
É justamente o diagnóstico precoce um dos maiores inimigos da doença. Outro é o desconhecimento.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto DataFolha apontou que mais da metade dos brasileiros (66%) nunca ouviu falar do linfoma, o quinto tipo de câncer mais freqüente no mundo.
Um dado ainda mais preocupante é de que 89% dos que mencionaram ter ouvido falar dos linfomas, desconhecem quase que totalmente os sintomas da doença, que começam com febre se motivo aparente, seguida por forte e intensa sudorese noturna, perda importante de peso, cansaço e dores ósseas.
Outro dado importante apresentado na pesquisa é que 32% dos entrevistados gostariam de obter mais informações sobre o que são os linfomas, 24% sobre os sintomas e 21%, as causas. Além disso, apenas 3% disseram que procurariam o hematologista para tratar a doença e 35% não saberiam quem procurar neste caso.
O hematologista Carlos Chiattone, presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), explica que, enquanto a leucemia se origina na medula óssea, o linfoma se desenvolve nos linfonodos (gânglios) do sistema linfático, responsável, entre outras coisas, pela defesa natural do organismo contra diversos tipos de infecções.
Proliferação descontrolada
Classificar o tipo de linfoma pode ser uma tarefa bastante complicada, mesmo para hematologistas e patologistas. Os linfomas não-Hodgkin são, de fato, um grupo complexo de quase 40 formas distintas desta doença.
Segundo o hematologista Celso Massumoto, a doença pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo mais comum na idade adulta jovem, dos 15 aos 40 anos, atingindo maior freqüência entre 25 a 30 anos. “Na maioria dos pacientes, não se consegue encontrar uma causa para a doença”, explica o especialista.
Todos os linfomas resultam da proliferação anormal dos linfócitos, devido ao organismo estar em constante renovação. Raramente, porém, uma célula pode sofrer uma mutação genética e possibilitar o surgimento de um tumor. “A causa exata dessas mutações é desconhecida”, descreve o médico. Na maioria dos casos não é percebida nenhuma causa genética que facilite o seu surgimento.
Segundo Chiattone, o sintoma mais encontrado entre as vítimas do distúrbio é um aumento indolor dos gânglios no pescoço, peito, axilas, abdome ou virilha. “Por isso é muito importante estimular a procura por um especialista aos primeiros sintomas da doença”, alerta o médico.
O tratamento depende do estágio do câncer. Pode ir desde a quimioterapia com medicamentos, como no caso da ministra, radioterapia até o transplante de medula óssea. “Mesmo os casos diagnosticados de forma não precoce têm as chances de cura bastante altas, muitos deles, após o tratamento inicial”, afirma Massumoto.
Diagnóstico por apalpação
O primeiro passo em direção ao diagnóstico é feito pelo médico, por meio da apalpação, o que lhe possibilita detectar a presença de gânglios inchados. O especialista vai querer conhecer o histórico clínico e poderá solicitar algumas radiografias e exames laboratoriais.
Com os resultados dos primeiros exames em mão, quando necessário, o médico solicita uma biópsia, o único método seguro para identificar o distúrbio. O processo envolve uma pequena ,intervenção cirúrgica, geralmente sob anestesia local, em que o gânglio aumentado é removido para ser examinado ao microscópio.