Dia mundial de combate ao fumo. Uma chance à vida

Desde o dia 9 de agosto de 2005 sem fumar um cigarro. Essa data está marcada na vida do balconista Toni. Fumante desde os 14 anos, ele conta que largou pela primeira vez o fumo em fevereiro do ano 2000, ficando sem colocar um cigarro na boca até abril de 2003, quando teve uma recaída e se deixou seduzir pelo antigo vício. Atualmente, o tabagismo é a principal causa de morte prevenível no mundo. Cerca de 1,3 bilhão de pessoas fumam e, aproximadamente, 5 milhões de pessoas morrem de doenças relacionadas ao cigarro todos os anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 8 segundos alguém morre de uma doença relacionada ao tabagismo (tão depressa quanto um novo fumante adere ao vício).

De acordo com o chefe do Serviço de Cabeça e Pescoço do Hospital Erasto Gaertner, Benedito Valdecir Oliveira, o vício da nicotina é o principal vilão durante e após o tratamento do câncer de boca, laringe, faringe e pulmão. A continuação desse hábito implica em diversas conseqüências para o paciente, podendo desenvolver o câncer no mesmo local ou em outra parte do organismo. Além do câncer, os fumantes ficam propensos a desenvolver outras doenças, como bronquite, enfisema pulmonar, infecções respiratórias, derrame cerebral e doenças vasculares.

A psicóloga e especialista em dependência química Franciane Veiga Cazella frisa que a nicotina é a substância química geradora de dependência mais importante na fumaça do cigarro. ?Ela é estimulante, com efeitos semelhantes àqueles encontrados nas anfetaminas, cocaína e outros estimulantes?, alerta. Segundo a especialista, é a nicotina que faz o usuário se sentir com mais energia, alerta, e fornece um real incremento no ânimo e uma breve pausa na depressão.

Reconhecendo os motivos

De acordo com a psicóloga Tamara Carnevali Marussig, também especialista em dependência química, em 90% dos casos, o início do consumo de cigarros ocorre na adolescência e, geralmente, os fatores que levam ao consumo são sociais. ?Invariavelmente o uso do tabaco chega pelos pais ou colegas mais velhos, sofrendo, também, importante influência da mídia?, reconhece. Estima-se que 1/3 das pessoas que experimentam o fumo venham a se tornar dependentes e, destes, poucos conseguem largar o cigarro em definitivo. Conforme atesta a especialista, apenas entre 1% e 5% conseguem se manter abstinentes após uma tentativa sem tratamento e 25% dos que abandonaram os cigarros tiveram sucesso definitivo em sua primeira tentativa.

De acordo com as especialistas, os tratamentos psicológicos para suprimir o vício começam por meio do reconhecimento dos motivos pelos quais o fumante continua utilizando a nicotina, depois se trabalha a capacitação de enfrentamentos, desenvolvimento de habilidades e o apoio social. ?Entendendo esse problema como uma doença que afeta não só a parte clínica, mas, também, a psicológica, o programa deve enfocar as informações a respeito da dependência, atendimento clínico e tratamento farmacológico (uso de nicotina de reposição e/ou antidepressivos) e o suporte psicológico?, explica Franciane Cazella.

Cigarro traz prejuízos ao relacionamento pessoal 

Sexy ou nojento, o cigarro causa um impacto muito grande na vida das pessoas. E não se trata apenas de saúde, embora não se possa descartar esse outro lado. Uma pesquisa promovida pelo Laboratório Pfizer revela um outro lado da moeda: o impacto do tabagismo nos relacionamentos dos fumantes. A pesquisa avaliou 1,5 mil brasileiros com mais de 18 anos. Dos entrevistados, mais da metade confessou já ter perdido o interesse por uma pessoa depois de descobrir que ele ou ela fumava. Além disso, 30% dos não fumantes entrevistados afirmaram desistir de um encontro por que a pessoa era fumante.

PONTOS NEGATIVOS

* 22% dos fumantes revelaram que já foram rejeitados para um encontro por terem o hábito de fumar.

* Para 7% dos fumantes, o vício foi empecilho até para o ato sexual.

* 53% apontaram os danos à saúde.

* 47% citaram o declínio no desempenho atlético.

* 42% sofreram prejuízos nos relacionamentos familiares.

* 34% tiveram problemas com parceiro.

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