Números preocupam OMS.

O Dia Mundial do Diabetes será comemorado hoje com campanhas informativas em parques, praças, instituições de saúde e outros locais para alertar a população sobre a gravidade do problema. Em Curitiba, no Hospital de Clínicas (HC), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), haverá palestras para portadores de diabetes e familiares.

Segundo a chefe da Unidade de Diabetes do HC, Rosângela Réa, as palestras procurarão esclarecer como a doença age no organismo para que os diabéticos possam se proteger melhor, evitando complicações.

O diabetes é uma doença crônica e caracterizada pelo mau funcionamento do pâncreas, que passa a produzir uma quantidade insuficiente de insulina. Atualmente, estima-se que cerca de 360 milhões de pessoas no mundo sejam portadoras da doença.. No Brasil, são 16 milhões, mas metade não sabe que tem.

Segundo o presidente da regional paranaense da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, César Luiz Boguszewski, que é professor da UFPR, existem dois tipos de diabetes, o tipo 1 e tipo 2. O 1 pode se manifestar em qualquer idade, sendo mais comum em crianças e adolescentes. “É uma doença auto-imune, na qual existe destruição, feita pelo sistema imunológico, das células que produzem insulina”, explica o médico. “Está ligada a uma predisposição genética e pode se manifestar depois de um caso de infecção generalizada ou de grande estresse. Geralmente o portador é extremamente magro.” Os sintomas são: perda muito rápida de peso, sede excessiva e muita vontade de urinar. O controle da doença se faz com a aplicação diária de insulina, durante toda a vida. No início, se não tratada de forma correta, a doença pode levar ao coma.

Tipo 2

O diabetes tipo 2 atinge pessoas com mais de 40 anos e, algumas vezes, em mulheres no período da gestação. Cerca de 90% dos diabéticos tipo 2 são obesos. “No diabetes tipo 2, o organismo da pessoa desenvolve resistência à insulina”, conta. “Desta forma, o pâncreas passa a liberá-la de forma excessiva e os sintomas da doença começam a aparecer.”

Devido ao fato de, em fase inicial, o diabetes tipo 2 ser assintomático, muita gente não sabe que tem o problema. Por isso, os médicos aconselham que, periodicamente, todos façam testes para identificar a quantidade de glicose no sangue. O teste é rápido, feito pela retirada de uma gotinha de sangue de um dos dedos. Confirmada a doença, a pessoa precisa realizar mudanças em seus hábitos, inclusive alimentares.

O tipo 2 pode ser evitado pela prática constante de exercícios físicos e alimentação saudável e controle do estresse.

Se não tratado, o diabetes pode levar à cegueira, problemas nos rins, perda de sensibilidade e má circulação nas extremidades, que podem causar amputações, e cardíacas.

Produtos são muito caros

Há vinte anos funciona em Curitiba a Associação Paranaense do Diabético Juvenil (Apad), que sobrevive de doações e atende a diabéticos carentes, desde assistência psicológica e nutricional até doações de medicamentos. A associação, localizada no bairro Vila Isabel, possui 8.100 associados. Pelo local, passam diariamente entre 150 e 200 pessoas.

A presidente da Apad, Maria Cecília Munhoz da Rocha Carreiro, que tem um filho de 21 anos portador do diabetes tipo 1 desde os quatro, conta que, há alguns anos, a principal dificuldade dos diabéticos era encontrar produtos sem açúcar. “Quando meu filho era pequeno, não existiam. Hoje, existem doces, refrigerantes e uma série de outras coisas”, afirma. Agora, o principal problema é o preço dos produtos. Segundo Maria Cecília, um bolo sem açúcar, por exemplo, chega a custar o dobro de um bolo normal. “Os alimentos sem açúcar, além dos medicamentos, tornam a vida do diabético muito cara”, reclama. “Hoje, um diabético gasta entre quatro e seis salários mínimos para conseguir se manter.”

Na próxima quarta-feira, dia 19, a Apad fará testes gratuitos de detecção de diabetes, das 7h às 12h, na Igreja do Perpétuo Socorro, no bairro Alto da XV, na capital. A entidade aceita doações de alimentos sem açúcar, medicamentos e dinheiro. Infomrações: (41) 244-7711 ou 244-5081.

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