Desfibrilador pode salvar vidas

Nos Estados Unidos 450 mil pessoas morrem a cada ano por “morte súbita”. Na Europa, esse número chega a 500 mil, enquanto no Brasil estima-se estar perto dos 200 mil. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia apontam que, em nosso País, ocorre um ataque cardíaco por minuto, sendo que, em 95% dos casos, a vítima morre antes de chegar a um pronto-socorro. Quem teve uma parada cardiorrespiratória mais aguda perde, a cada minuto, 10% de chances de sobreviver.

Tudo é muito rápido, de repente a pessoa começa a sentir uma forte dor no peito, passa por dificuldades de respiração, sente náuseas, perde a força muscular e o equilíbrio falha. Estes são alguns dos sintomas que podem sinalizar uma parada cardiorrespiratória. No entanto, é mais comum o distúrbio chegar sem avisos prévios. Pode ser que a vítima esteja em casa, no supermercado, na academia ou até mesmo no hospital, seja em tratamento ou visitando algum paciente. Para recuperar os batimentos e evitar seqüelas, a vítima precisa ser atendida imediatamente. O que nem sempre acontece, já que em muitos locais com grande circulação de pessoas (inclusive hospitais) não existe desfibriladores, o “anjo da guarda” de que sofre um infarto. A maioria das pessoas, infelizmente, morre por falta de atendimento especializado.

Os desfibriladores são equipamentos que emitem um choque elétrico no peito fazendo com que o coração volte a bater e a exercer sua função de bombear sangue e oxigênio pelo organismo. Segundo o médico intensivista Rodrigo Souza, coordenador do ponto-atendimento do Hospital Pilar, ter o equipamento disponível para uso imediato é essencial na recuperação total do paciente. De acordo com o especialista, 95% dos casos de parada respiratória são reversíveis por meio do uso do desfibrilador. “No entanto, pelo equipamento, quase sempre, não estar a mão, é difícil reverter o grave quadro no paciente”, reconhece.

Carrinhos de emergência

Neste sentido, uma das inovações do Hospital Pilar é a disponibilização de doze desfibriladores em carrinhos de emergência que possuem, além do equipamento, materiais e medicamentos essenciais para o pronto-atendimento, localizados nos corredores do hospital, local de grande circulação de pessoas e, como praxe, nas unidades de alta complexidade – Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pronto-atendimento, hemodinâmica e centro cirúrgico. “O equipamento disponível em lugares de fácil acesso e com pessoal treinado, auxilia no atendimento imediato dos pacientes nos quartos, possibilitando o posterior deslocamento para a UTI, com mais segurança”.

O médico intensivista Alvaro Réa Neto alerta para a necessidade de autoridades e empresários formarem brigadas de leigos capacitadas em utilizar um desfibrilador. Estatísticas mostram que o mecanismo que provoca a fibrilação ventricular (distúrbio nas contrações do coração em decorrência do infarto) responde pela maioria dos casos de parada cardíaca. O equipamento é a única forma de garantir temporariamente a sobrevida desses pacientes. No Paraná já existe uma lei que obriga a manutenção do desfibrilador em locais com grande fluxo de pessoas, como aeroportos, shopping centers, estádios de futebol, entre outros. O preço do equipamento ainda é salgado, variando de, em média, R$ 6 mil, os compactos, com menos recursos a perto de R$ 15 mil, os mais completos.

“Tempo é músculo.” É a frase que a Associação Americana do Coração utiliza para explicar de forma simplificada que os músculos do coração morrem quando o órgão pára de bater devido à perda do suprimento sanguíneo das artérias coronárias. Também retrata a corrida contra o tempo que deve existir quando o coração pede socorro. A cada minuto que passa após a parada cardíaca o paciente perde 10% de chance de sobreviver. Ou seja, após 10 minutos, são praticamente nulas as chances de recuperação. “E, mesmo que seja possível, há grande possibilidade de ocorrerem lesões graves e irreversíveis no coração e no cérebro também”, explica Rodri,go Souza.

Diretrizes

Segundo o cardiologista Sérgio Timerman, diretor do laboratório de treinamento e simulação em emergências cardiovasculares do Incor, de São Paulo, o uso do desfibrilador nos primeiros minutos aumenta em 75% as chances de sobrevida de uma vítima da morte súbita, mal que pode atingir qualquer indivíduo, independentemente da idade e da condição física. “É necessário que a população esteja atenta e saiba reconhecer e prestar os primeiros socorros a uma pessoa que apresente tal risco”, explicou Timerman, recentemente, em um encontro científico no Hospital Cardiológico Costantini.
De acordo com Edinaldo Oliveira, coordenador de enfermagem da Unidade de Pronto Atendimento do Hospital Pilar, a equipe da instituição segue as diretrizes do BLS (Suporte Básico de Vida) e do ACLS (Suporte Avançado de Vida em Cardiologia) na recepção de pacientes com sintomas de morte súbita.

“Reconhecemos que só utilizar o desfibrilador não resolve, a equipe hospitalar também deve estar preparada para dar todo o suporte ao paciente e a todos os que circulam ou trabalham nas suas dependências”, alerta. Também é necessário que os emergencistas passem por cursos de educação continuada e treinamentos freqüentes para se manterem sempre atualizados no atendimento.

Sintomas

* Dor no peito, irradiando-se para braços, pescoço ou costas
* Náusea
* Suor
* Palidez

Como socorrer

* Manter o paciente em repouso absoluto, em local ventilado
* Acalmá-lo da melhor maneira possível
* Acionar um médico imediatamente
* Solicitar com urgência uma UTI móvel

Como prevenir

* Evitar cigarro, bebida e comidas salgadas ou gordurosas
* Controlar o estresse
* Caminhar diariamente
* Passar anualmente por check-up cardiológico

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