Descoberta precoce do tumor cerebral aumenta chances de cura

O tumor cerebral é o décimo tumor mais freqüente no ser humano, e atinge cerca de 2% da população mundial. 60% dos tumores cerebrais são fatais e, enquanto nos jovens a recuperação é mais rápida, a partir dos cinqüenta anos de idade os tumores, na maioria das vezes, são malignos.

Como em toda doença, a prevenção é o melhor remédio. No entanto, não há um programa de saúde pública, nem campanhas para prevenir a doença. Por isso, prestar atenção aos sintomas pode significar a diferença entre a vida e a morte. ?Comparado aos demais tipo de tumores, como o de mama, próstata, pulmão e pele, sua incidência é baixa, mas nem por isso menos perigosa?, alerta o médico Maurício Coelho Neto, neurocirurgião do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC).

Há vários tipos de tumores, mas os mais graves são os gliomas, que nascem dentro do tecido cerebral. Eles são também os mais freqüentes do sistema nervoso, sendo que mais da metade dos casos de tumores cerebrais são diagnosticados como gliomas. Todos são genéticos, ou seja, é uma falha da genética da célula, o que não significa que seja hereditário.

O médico explica que alguns sintomas específicos devem ser observados para identificar um tumor. ?Em primeiro lugar, se uma pessoa tiver uma crise convulsiva, que pode ser um amortecimento, automatismos e ausências, deve fazer uma ressonância magnética. Uma cefaléia diferente, fora da rotina, também deve ser investigada?, alerta. Além disso, há sinais localizatórios, como, por exemplo, alteração para caminhar, tropeços, fala alterada, problemas na visão. ?Existe a possibilidade de se fazer um diagnóstico precoce, mas falta informação, e normalmente a pessoa não dá atenção aos sintomas?, diz Coelho.

Segundo ele, a cura existe, mas depende do tipo de tumor. ?São vários os tipos de gliomas e alguns são extremamente malignos?, aponta. Ele afirma que apesar do diagnóstico ser impactante, há diversas formas de tratamento. ?Psicologicamente é traumatizante fazer este diagnóstico, mas vale lembrar que ele é raro. Antigamente os tumores não eram retirados, mas hoje o procedimento é realizado sem danos para o paciente?, conta.

Uma inovação na área, e que já é utilizada no INC, é o aparelho de neuronavegação. Ele é usado antes e depois da cirurgia. ?Ele permite uma precisão no ato cirúrgico que não havia antes?, diz. Esta tecnologia é recente, e no Brasil apenas dez hospitais dispõem do aparelho. Em Curitiba, são dois os hospitais equipados. ?Aqui no Brasil, e especificamente em Curitiba, o tratamento é tão bom quanto em qualquer lugar do mundo?, afirma.

Recuperação

Há três anos a estudante Gabrielle Fenianos, soube que tinha um tumor cerebral. Segundo sua mãe, Gesilaine Fuzon, a descoberta foi por acaso. ?Em dezembro de 2004 estávamos em uma pousada e minha filha teve um desmaio ao entrar na piscina. Achamos que era um choque térmico, e não investigamos?, lembra.

?Em fevereiro de 2005 ela se afogou no mar, e entrou água no pulmão. Ela foi internada e passou uma semana na UTI. Descobriram que ela tinha falta de oxigenação no cérebro, e depois de vários exames encontraram um tumor?, conta.

Cinco dias depois da primeira consulta com o médico Ricardo Ramina, neurocirurgião do INC, Gabrielle foi operada. ?Era um caso de urgência, o tumor estava bem no meio do cérebro. Ela estava perdendo os movimentos do lado esquerdo, e se demorasse mais um pouco ela perderia a fala, o que seria irreversível?, recorda Gesilaine.

Hoje, com quinze anos, Gabrielle leva uma vida normal. ?Ela está muito bem, totalmente recuperada?, diz a mãe.

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