A volta às aulas e ao trabalho, depois de um período de férias, não significa disposição renovada para enfrentar as atividades ao longo do ano. Ainda não existem dados concretos sobre o assunto, mas estão se tornando comuns os casos de depressão, tanto em crianças quanto em adultos, após um tempo de descanso. As pressões da sociedade atual podem ser consideradas as causas desse fenômeno.
A solução proposta pela professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, Maria Virgínia Grassi, é investir na qualidade de vida e realizar atividades que trazem satisfação pessoal. Para ela, a superexigência do mercado de trabalho e dos pais, no caso das crianças, podem desencadear um processo de depressão. “Nas férias, não há horário para comer, dormir, se divertir. Quando há a necessidade de entrar de novo na rotina de uma sociedade produtiva, isso vai por água abaixo”, explica a professora. “O aumento da exigência e a não-possibilidade de dar conta disso diminuem a vontade de querer voltar.”
De acordo com Maria Virgínia, não é o número de horas de trabalho ou atividades que pode causar problema. O ponto principal é fazer o que gosta, em que a pessoa sente satisfação. O ambiente de trabalho também influencia no prazer do trabalhador. “A diferença para a qualidade de vida também esta aí. Um ótimo sinal é quem tem vontade de voltar para rever os amigos”, revela a psicóloga. “A gente sabe que o dinheiro às vezes fala mais alto”, afirma. “Mas é preciso realizar algum tipo de atividade que traga esse prazer”, comenta Maria Virgínia.
Os sintomas básicos de depressão, em crianças e adultos, são: desmotivação; tristeza; hipo (pouca) ou hiperatividade; falta ou excesso de apetite; e pouco ou muito sono. A depressão é difícil de diagnosticar em um primeiro momento, pois se confunde muito com a tristeza, mas há um parâmetro para se identificar um quadro mais sério. “É comum sentirmos tristeza. Mas ela deve durar de duas semanas até um mês, e sempre oscilar com momentos de alegria. Caso não aconteça isso, há grandes chances da pessoa estar em depressão”, comenta Maria Virgínia.
O diagnóstico em crianças é ainda mais difícil. “Elas não têm a habilidade verbal para dizer que está em depressão. Nem sabem o que é isso”, ressalta a professora. As crianças tentam mostrar o que estão sentindo em ações. Uma das conseqüências mais comuns é a queda no rendimento escolar, principalmente em matemática. A tarefa dos pais (e também professores e babás, por exemplo) é observar bem o comportamento dos filhos e, se achar que há problemas, procurar ajuda especializada.
Quanto aos casos de depressão nos adultos, espera-se que eles mesmos tenham consciência do problema. “O cônjuge, os colegas de trabalho, podem perceber um estado de irritabilidade na pessoa, por exemplo. Mas os adultos devem ser capazes de perceber o problema e tomar uma atitude”, explica Maria Virgínia.