Levantar, tomar um banho, sair para trabalhar, encontrar com amigos e colegas. Tarefas básicas do dia-a-dia, simples de se realizar, mas não para pacientes com depressão. Essa doença que atinge de 2% a 5% dos brasileiros (Almeida, Dractu e Laranjeira) tem como uma de suas conseqüências mais desagradáveis o isolamento social. ?O deprimido sente uma apatia generalizada. Perde o interesse por quase tudo o que costumava lhe dar prazer. Sair com os amigos ou conhecer novas pessoas, por exemplo, pode tornar-se angustiante para ele?, comenta a Dra. Giuliana Cividanes, médica psiquiatra. Essa apatia pode levar o paciente a ter uma impressão cada vez mais negativa de sua vida. A chamada anedonia (perda de prazer em geral) e a perda de energia levam o indivíduo a crer que não irá se libertar desse mal estar e, em última instância, isolar-se completamente.
Diversos fatores explicam a relação entre depressão e o isolamento social. A fadiga crônica e a falta de energia para realizar das tarefas mais simples às mais complexas afetam diretamente o convívio social. ?Se uma pessoa com depressão sente-se cansada até mesmo para tomar um banho, como irá pensar em sair para uma happy-hour ou se reunir com os amigos? As atividades sociais demandam esforço e energia para este tipo de paciente?, explica a psiquiatra. A depressão influi, ainda, no apetite, causando ganho ou perda de peso. ?No caso de ganho de peso, o problema da baixa auto-estima se intensifica, já que o indivíduo se sente ainda mais desinteressante?, comenta ela. Outros sintomas somáticos como distúrbios do sono ? insônia ou sono excessivo ? e dores generalizadas pioram o estado de humor.
A dificuldade de se concentrar, de tomar decisões e de resolver problemas contribui para agravar a situação. Outro sintoma importante, a baixa na libido, é um fator que acaba levando a rompimentos de relacionamentos ? desde o término de um namoro até o divórcio. Além da libido prejudicada, a capacidade de modular o afeto no deprimido se restringe, gerando ainda mais conflitos nos relacionamentos. ?Muitos pacientes chegam a pensar que não gostam mais de ninguém. Há, ainda, um profundo sentimento de culpa a afligir o paciente em depressão, que considera responsabilidade sua quase tudo de ruim que acontece com ele e com as outras pessoas?, completa a médica.
Para a Dra. Giuliana Cividanes, o primeiro passo em direção à cura é o reconhecimento da doença e a busca por um tratamento adequado. Segundo ela, ainda existe muito preconceito e desconhecimento em relação à depressão. ?A demora do diagnóstico é muito comum. Quando o paciente com depressão apresenta sintomas somáticos como dores generalizadas, perda de peso e apetite, mal estar geral, ele procura ajuda médica constante, principalmente em pronto-socorros e outras especialidades, mas nem sempre os médicos estão preparados para reconhecer a depressão e encaminhar o paciente para um atendimento especializado?, diz a médica. Conforme comenta ela, o paciente com depressão freqüentemente queixa-se da tríade passado-presente-futuro: o passado foi um desastre, o presente é cinza e sem sentido e o futuro, portanto, não existe. ?Com esses sentimentos, morrem as esperanças, e não há futuro sem esperança. A vida torna-se sem saída. Então, muitas vezes, vem a ideação suicida. Por esse motivo é fundamental o diagnóstico precoce e o tratamento efetivo, com acompanhamento médico e psicoterapia, se necessário, para que o paciente volte a ver a vida com outros olhos, e resgate seu convívio social, um dos alicerces para o equilíbrio mental?, conclui a psiquiatra.
Para o tratamento medicamentoso da depressão é recomendado uso de antidepressivos, prescritos por um especialista. Há diversas classes de antidepressivos no mercado, desde os mais antigos, como os tricíclicos, até os mais modernos, como os inibidores seletivos de recaptação de serotonina e os que atuam em dois neurotransmissores ao mesmo tempo. Um dos representantes dessa última classe é a bupropiona.
Um estudo da George Washington University (Weihs e colaboradores), publicado pela revista Biological Psychiatry, comprovou a eficácia, segurança e alto índice de adesão à bupropiona no tratamento da depressão maior. Comercializada pela Libbs Farmacêutica, a bupropiona é um antidepressivo indicado para depressões leves a moderadas que atua na dopamina e na noradrenalina, neurotransmissores responsáveis por manter o humor normal e diminuir sintomas de apatia, falta de energia e fadiga. A bupropiona tem também o benefício de não piorar a função sexual e não produzir ganho de peso.