Depressão: De pai para filho

Estudo apresentado no encontro anual da Associação Americana de Psiquiatria mostrou que adultos cujos pais tiveram depressão têm mais chance de apresentar sintomas da doença. Para chegar a esta conclusão, pesquisadores acompanharam durante 23 anos o crescimento de 340 descendentes de pais depressivos e de um grupo de controle, cujos pais não apresentaram a doença. O transtorno depressivo afeta cerca de 121 milhões de pessoas em todo o mundo e pode acometer pessoas de qualquer idade, raça ou etnia, apesar de mulheres terem duas vezes mais chances de apresentar o problema do que homens.

O levantamento indicou que, além de terem maior tendência a usar antidepressivos e procurar ajuda psiquiátrica, os filhos de pais depressivos também apresentaram mais sintomas físicos da depressão, incluindo dores e algumas limitações em atividades cotidianas, devido a sintomas emocionais e físicos da doença. Mais de 70% dos adultos com pais depressivos reportaram que alguém na família sofre de depressão.

Ainda de acordo com o estudo, a severidade dos sintomas da depressão foi pior entre adultos cujos pais nunca alcançaram a remissão dos sintomas da doença, ou seja, obtiveram alta médica. Para Michael Thase, um dos coordenadores da pesquisa, essas informações reforçam a necessidade de tratar os pacientes até a completa resolução de todos os sintomas emocionais e físicos da depressão. ?Tratar a doença até a remissão completa pode ter um impacto favorável na não-propagação da doença entre gerações", afirma.

Relacionamento paterno

Pesquisando a interação entre pais e filhos há mais de dez anos, a psicóloga Lídia Weber, coordenadora do Núcleo de Análise do Comportamento da Universidade Federal do Paraná (UFPR), defende que o comportamento dos filhos pode ser modelado pelo tipo de relação estabelecida com os pais. A especialista divide o perfil dos pais em quatro grupos: autoritários, negligentes, permissivos (muito afeto, mas pouco limite) e participativos (muito limite e muito afeto). ?Os dois últimos grupos são os que apresentam filhos com menor índice de depressão ? especialmente os participativos, considerado o melhor comportamento?, reconhece a psicóloga.

Apesar de ser um dos mais freqüentes transtornos psiquiátricos, a depressão é geralmente mal diagnosticada e sub tratada. Isso pode acontecer porque pacientes depressivos geralmente apresentam mais queixas de sintomas físicos do que emocionais. Confira no quadro os principais sintomas físicos e emocionais do paciente com depressão.

Sintomas emocionais

*  Tristeza, diariamente.

*  Sentimentos de vazio e desesperança.

*  Estresse, nervosismo ou esgotamento.

*  Perda de interesse em atividades antes prazerosas.

*  Dificuldade em concentrar ou tomar decisões.

*  Sentimento de inutilidade ou baixa auto-estima.

*  Culpabilidade excessiva ou desproporcional.

*  Irritabilidade.

*  Idéia suicida.

Sintomas físicos

*  Fadiga ou falta de energia.

*  Sono de mais ou de menos.

*  Mudanças no apetite e peso.

*  Dores vagas e difusas.

*  Dor de cabeça.

*  Dor nas costas.

*  Distúrbios gastrintestinais.

*  Tontura.

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