De olho na desidratação

O risco de desidratação, durante os meses de muito calor, é uma preocupação que atinge a todas as faixas etárias, mas acaba afetando principalmente as crianças com menos idade. Esse perigo é maior no verão, pelo aumento da quantidade de vírus causadores de diarréia, como, também, pela contaminação dos alimentos por bactérias. Segundo o pediatra Luís Ernesto Pujol, o que acontece é que nem sempre as pessoas se preocupam em colocar os alimentos bem acondicionados na geladeira ou não lavam as mãos antes de prepará-los. ?Assim, as bactérias encontram um ambiente ideal para se multiplicar?, ressalta.

As causas mais comuns que levam à doença são a diarréia e os vômitos. As diarréias, que são evacuações líquidas ou pastosas em grande quantidade, são causadas por vírus ou bactérias presentes nos intestinos ou por algum tipo de intolerância alimentar. ?Crianças de até dois anos são as que mais sofrem com a desidratação, por serem jovens demais para pedirem o que precisam, não podendo controlar o ambiente onde estão e por terem menor quantidade de líquido no corpo?, explica a pediatra Letícia Machado.

Leite materno

Por isso, a médica diz que é muito importante dar bastante líquido aos pequenos. Assim que sejam percebidos sintomas como diarréia e vômito, os pais devem procurar o posto de saúde mais próximo. Outros sintomas da desidratação, em crianças pequenas, conforme a pediatra, são moleira baixa, saliva seca e irritabilidade. Para Pujol, os vômitos são ainda piores do que as diarréias, já que, ao vomitar, as crianças perdem muito mais nutrientes, ficando, por isso, mais debilitadas e sujeitas à doença. O médico frisa que crianças amamentadas somente no seio materno correm poucos riscos de sofrer tais infecções. ?Nessa idade, o leite materno é o único alimento que a mãe deve dar ao bebê?, realça, enfatizando que nem mesmo chás ou a própria água precisam ser oferecidos à criança.

O distúrbio também pode ser causado pela exposição excessiva ao sol ou outra fonte de calor, sudorese excessiva ou outras doenças associadas. Quando uma criança está desidratada, ela apresenta sede, fica muito tempo sem urinar, com a boca seca, olhos ressecados e fundos. ?Além disso, ela pode apresentar sonolência, palidez, tontura e recusar alimentos?, ressalta o clínico geral Thadeu Rogas. Conforme o médico, uma pessoa perde em média 2 litros de água por dia, seja pela urina, fezes, suor ou até mesmo pela respiração. ?Aquelas que praticam atividades físicas perdem de 3 a 5 litros de água?, completa.

Soro caseiro

Pujol esclarece que a única porta de entrada dessas doenças gastrointestinais é a boca. Após engolir um alimento sujo, mal lavado ou manipulado, a criança corre o risco de contrair a doença. Além disso, o médico recomenda que as mães procurem locais arejados e com sombra para ficar com seus bebês. Também é importante usar roupas leves e oferecer constantemente líquidos (no mínimo um copo a cada hora). Rogas aconselha que as pessoas evitem refeições pesadas, que necessitam muito mais líquido para sua completa digestão, salientando que o ideal é abusar de frutas, verduras e legumes.

Assim que os primeiros sintomas da desidratação forem constatados, Luís Pujol indica que o auxílio médico deva ser procurado imediatamente. ?Além disso, sob a menor suspeita da doença, o soro caseiro deve ser utilizado?, observa.  Para cada litro de água, deve ser misturada uma colher de sobremesa de sal e quatro colheres de sopa de açúcar. Segundo a orientação do pediatra, o soro deve ser dado em pouca quantidade, porém de 15 em 15 minutos. ?Esse deve ser o único alimento ingerido pelo bebê, antes que um médico verifique a causa que originou a doença?, explica. Conforme os especialistas, a desidratação é uma importante causa de morte prematura de crianças no Brasil.

Sob suspeita, use o soro caseiro

Soro caseiro: em um copo de água fervida e fria colocar uma medida rasa de sal e duas medidas rasas de açúcar. Mexer bem e dar à criança em pequenas colheradas, de 15 em 15 minutos.

Soro distribuído pela Central de Medicamentos ? CEME

* Lavar bem as mãos com água e sabão.

* Ferver 1 litro de água em uma vasilha e deixar esfriar.

* Colocar todo o conteúdo do envelope na vasilha com água, mexendo bem.

* Não voltar a ferver o soro depois de pronto nem colocar açúcar ou sal.

* Dar à criança a intervalos regulares.

* Depois de preparado, o soro só tem validade por 24 horas. Após esse período, preparar um novo envelope.

* Não dar nenhum outro medicamento além do soro caseiro ou da CEME.

* Se o vômito ou a diarréia continuarem, procure imediatamente o posto médico mais próximo de sua casa.

Foco na prevenção

* Ofereça líquidos para a criança durante todo o dia.

* Lave bem as mãos antes de preparar as refeições.    

* Conserve os alimentos perecíveis no refrigerador.    

* Lave bem as frutas e vegetais que vão ser consumidos crus.

* Vestir roupas leves, de fibras naturais, que facilitam a transpiração normal.   

* Sempre que possível, permanecer em ambientes ventilados.    

* Evite a exposição ao sol entre as 10 horas da manhã e as 4 horas da tarde.

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