Entre os problemas mais comuns relacionados ao tabaco, está a ainda pouco conhecida DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que hoje afeta cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Quarta maior causa de mortes no mundo, ela é responsável por uma morte a cada 11 segundos. Foram 2,74 milhões de óbitos somente no ano de 2000. No Brasil, a DPOC mata 85 pessoas por dia e atinge cerca 5,5 milhões de pessoas, segundo o Consenso Brasileiro de DPOC, produzido pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
Este ano, a data de 15 de novembro foi escolhida para chamar a atenção para o problema, já que muitos portadores não sabem que têm a doença. Nesse dia, Associação Brasileira de Portadores de DPOC, o Comitê da Iniciativa Global para a DPOC (GOLD) e a Comissão de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia realizam em São Paulo a Campanha ?Haja Fôlego ? Respire e Viva?, uma ação que pretende chamar a atenção da população para o problema. Especialistas irão esclarecer dúvidas, dar orientações e realizar gratuitamente o exame de função pulmonar.
A DPOC é uma alteração respiratória grave, causada principalmente pelo hábito de fumar. A sigla é usada para classificar tanto a bronquite crônica quanto o enfisema pulmonar, manifestados em conjunto ou separadamente. Caracteriza-se pela presença de sintomas, como tosse, produção de catarro e falta de ar. Uma das principais queixas dos pacientes é a dispnéia (dificuldade de respirar), que pode dificultar a realização de atividades cotidianas, como trocar de roupa e tomar banho. Se não tratada, a DPOC eleva o nível de incapacitação do paciente, deixando-o com uma sensação de cansaço constante. Este ano, pela primeira vez, o Ministério da Saúde reconhece o Dia Mundial de Combate à DPOC, demonstrando a preocupação com o problema.
Cerca de 90% dos portadores de DPOC são fumantes ou ex-fumantes. Por ter caráter progressivo, a DPOC pode se manifestar mesmo em quem já abandonou o cigarro. Por isso é tão importante estar atento. Muitas vezes, a pessoa tem o problema e não sabe, por isso é necessário consultar o pneumologista pelo menos uma vez por ano. Isso vale para os fumantes e também os não fumantes com mais 40 anos. A consulta ao pneumologista deve fazer parte da rotina de exames básicos para quem já passou dos 40 anos, especialmente quem é fumante ou ex-fumante. Outros fatores de risco são exposição a poluição, combustíveis domiciliares (carvão e lenha), poeira e produtos industriais, além de fatores genéticos.
A lesão pulmonar causada pela DPOC é irreversível, mas os sintomas podem ser tratados. Quanto mais precoce for feito o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento. O primeiro passo é eliminar ou reduzir a contínua irritação pulmonar. Existem hoje tratamentos farmacológicos capazes de ajudar a tratar a DPOC e a controlar os principais sintomas. Terapias complementares, como o programa de exercícios de reabilitação pulmonar e a oxigenoterapia, ajudam a diminuir os sintomas da doença, tornando o dia-a-dia mais fácil, e a prevenir complicações dos pacientes em estado grave.