A dislipidemia é um problema caracterizado pela alteração do nível das principais gorduras (lipídeos) no sangue: o colesterol e os triglicerídeos. Essas alterações estão intimamente ligadas à doença arterial coronariana, responsável pelo maior índice de mortalidade no Brasil. Para debater o tema, médicos e nutricionistas participam, em Curitiba, do I Simpósio em Dislipidemia, que acontece no dia 11 de agosto, a partir das 19h30, no Hospital VITA Curitiba. Entre os palestrantes estão o doutor em cardiologia pela USP e professor da PUC-PR, José Rocha Faria Neto, e a nutricionista clínica do Hospital do Coração de São Paulo, Cyntia Carla da Silva.

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De acordo com o cardiologista do VITA Curitiba e um dos organizadores do evento, Rafael Munhoz, a maior parte do colesterol é fabricada pelo próprio corpo (de 60% a 70% no fígado), enquanto de 30% a 40% provêm da alimentação. ?Em pequenas quantidades, o colesterol é até necessário para algumas funções do organismo. Ele é responsável pela produção de substâncias importantes, como alguns hormônios e ácidos biliares. Mas em excesso, as gorduras no sangue são verdadeiras vilãs para o organismo?.

No Brasil, estima-se que existam 24 milhões de pessoas com dislipidemia. Apenas 2 milhões estão em tratamento, hoje. O maior problema, segundo Munhoz, é que, na maioria dos casos, a dislipidemia não apresenta sintomas. ?Muitas vezes, o indivíduo só vai saber que tem o problema mais tarde, quando um vaso sangüíneo se obstrui completamente. Algumas vezes, ele é alertado por sintomas como a angina (que prenuncia o infarto) ou por dores nas pernas ao caminhar, que podem indicar a obstrução arterial periférica e chegar à amputação dos membros inferiores?, alerta. Por isso, quanto mais cedo detectar o problema, menores os riscos ao organismo.

O médico explica que o nível do colesterol é medido através de um exame de sangue simples, que custa cerca de R$ 20,00 a R$ 30,00, dura minutos e o resultado fica pronto em 24 horas. ?Toda pessoa, a partir dos 20 anos de idade, deveria saber o nível de colesterol que possui no sangue?, afirma Munhoz. Ele ressalta ainda que se o paciente tiver um ou mais fatores de risco, como hereditariedade, obesidade, sedentarismo e diabetes, deve preocupar-se com a dislipidemia ainda mais cedo. ?Com os hábitos alimentares atuais e a tecnologia contribuindo cada vez mais para o sedentarismo, existem hoje até crianças com esse problema?, revela o cardiologista.

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Para quem possui colesterol alto ou faz parte do grupo de risco, o médico indica que o exame seja repetido de seis em seis meses. Os diabéticos devem ser ainda mais rigorosos no controle, pois os valores de colesterol considerados normais são ainda mais baixos para quem possui diabetes.

Para prevenir a dislipidemia, Munhoz recomenda alterar o consumo de leite e derivados para as versões desnatadas, trocar a manteiga por margarinas sem gordura trans hidrogenadas e com adição de fitosteróis, aumentar o consumo de fibras solúveis, reduzir o consumo de carne vermelha e ovos. ?Uma gema de ovo de galinha contém em média 300mg de colesterol, quantidade máxima recomendada para um dia inteiro de um adulto?, alerta. Na disputa por uma fatia de mercado, muitos produtos já estão sendo produzidos sem colesterol e gordura trans. A dica é ficar de olho na embalagem e optar pelos produtos mais saudáveis.

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Porém, de acordo com o diretor do serviço de cardiologia do VITA Curitiba, Walmor Lemke, ?existem pessoas que já nascem geneticamente predispostas a serem grandes produtoras de gordura. Se elas conseguissem cortar todo o colesterol da dieta, ainda não resolveriam seu problema e precisariam de remédios?, afirma. Os remédios mais utilizados no controle da dislipidemia, atualmente, são as estatinas, a ezetimiba (no controle do colesterol) e o fibrato (no controle dos triglicerídeos).