Não importa o quanto a medicina tenha evoluído: para a maioria da população, “câncer” ainda é aquela palavra assustadora, carregada de desesperanças.
Há vinte anos, o entendimento da doença era ainda mais temeroso e as pessoas evitavam até pronunciar o nome da enfermidade. Na época, não tão longínqua, a palavra poderia ser considerada um sinônimo de má sorte.
Fatores, como o maior acesso à informação, conscientização dos pacientes, avanço nas tecnologias – tanto de diagnóstico quanto de técnicas cirúrgicas – e desenvolvimento das drogas de quimioterapia, contribuíram com o melhor entendimento e aceitação da doença.
Certamente, falar de neoplasias continua sendo desagradável, porém, as esperanças com relação à cura estão cada vez mais acesas, principalmente se a enfermidade é diagnosticada precocemente.
O câncer colorretal, cujos tumores abrangem o reto e/ou o intestino grosso, é a quarta neoplasia que mais causa mortes no Brasil, atingindo ambos os sexos, normalmente a partir dos 60 anos de idade.
De acordo com o coloproctologista Renato Bonardi, do corpo clínico do Hospital Santa Cruz, em Curitiba, também existem os casos de doentes mais jovens, com menos de 50 anos, que geralmente pertencem a famílias que já desenvolvem a doença, de maneira genética.
Colonoscopia
Os principais sintomas do câncer colorretal, segundo o médico, é o sangue encontrado nas fezes. “O sangramento pode indicar que o paciente está com hemorróidas ou tumores, no entanto, ele deve ser sempre investigado”, ressalta o especialista.
Outros sintomas são alteração do hábito intestinal – seja por diarréia ou constipação – emagrecimento, diminuição do apetite, fraqueza e, até mesmo, anemia.
“A anemia se dá quando o paciente não percebe que está perdendo sangue”, completa. A prevenção é feita com exames periódicos de colonoscopia, a partir dos 50 anos, ou em qualquer idade, com o aparecimento dos sintomas.
Esse exame consiste na inserção de um tubo flexível, pouco espesso, no ânus, avançando até o reto e o intestino grosso. O exame permite ao médico investigar todo o intestino, identificando tecidos inflamados, crescimentos anormais, úlceras, sangramentos e espasmos musculares.
Na maioria dos casos, o paciente fica sedado durante todo o procedimento, o que diminui as chances de dor. “O exame permite a detecção da doença em fase inicial. Quando detectada precocemente, as chances de cura podem chegar a 100%”, completa o coloproctologista.
Tratamento cirúrgico
Evidências epidemiológicas mostram uma relação positiva entre o câncer colorretal e a ingestão de gordura e carne.
Ninguém é imune a ele. Por isso, entre as recomendações, preconiza-se evitar a obesidade e sedentarismo, praticar atividades físicas e optar por dietas ricas em fibras e pobres em gorduras.
Nos casos em que a doença acomete pacientes jovens, é essencial que a família seja rastreada. É importante estar atento a essas situações e estender aos familiares os exames preventivos periódicos.
“Por exemplo: se uma pessoa de 25 anos tem câncer colorretal, os seus irmãos, ou familiares próximos também devem passar por uma colonoscopia periodicamente, independente da idade”, alerta Bonardi.
De acordo com médico, o tratamento dessa neoplasia é cirúrgico, eventualmente associado à radioterapia e quimioterapia. A cirurgia pode ser laparoscópica -que representa uma via de acesso mais moderna e menos invasiva – ou aberta, com maiores incisões, ideal para tumores mais difíceis, que já invadiram outros órgãos.
Vale ressaltar, contudo, que ambas possuem o mesmo resultado,. “Atualmente, esse tipo de câncer é muito mais tratável que no passado, mesmo em casos avançados, o tratamento obtém boa resolutividade e eficácia”, garante Renato Bonardi
Desnutrição é mais um inimigo
Dados do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar mostram que a taxa de desnutrição em pacientes com câncer é quase três vezes maior que a de outros pacientes hospitalizados. Preocupados a questão, especialistas recomendam um aconselhamento nutricional desde o momento em que a doença seja diagnosticada.
Os tratamentos do câncer, incluindo cirurgias, quimioterapias e radioterapias, além da própria doença fazem com que os pacientes apresentem perda de peso progressiva, falta de apetite, diminuição do nível de energia, fadiga e vômitos, sintomas relacionados à desnutrição grave.
“Apesar dos esforços para aumentar a ingestão alimentar, muitos pacientes não são capazes de consumir energia suficiente para ganhar peso progressivamente”, explica Císio Brandão, especialista em cuidados paliativos.
Para o médico, os suplementos orais contribuem para a melhor ingestão de nutrientes nos pacientes que não conseguem atingir suas necessidades apenas com a alimentação convencional.
PRINCIPAIS SINTOMAS
* Mudanças de hábito intestinal (diarréia ou prisão de ventre)
* Presença de sangue nas fezes
* Vontade frequente de ir ao banheiro, com sensação de evacuação incompleta
* Sangramento anal
* Dor ou desconforto abdominal (gases e/ou cólicas)
* Perda de peso sem motivo aparente
* Cansaço
* Fraqueza
* Anemia
Deixe o tumor distante
* Homens e mulheres com mais de 50 anos devem solicitar ao médico um exame anual de sangue oculto nas fezes
* Em muitos casos, a doença tem conotação hereditária
* Em caso de confirmação da neoplasia, todos os familiares devem passar pela colonoscopia
* Parar de fumar é uma das regras mais importantes para prevenção
* Uma dieta alimentar saudável ajuda a reduzir a incidência da doença
* Limitar a ingestão de bebidas alcoólicas
* Incorporar a prática de exercícios físicos à sua rotina diária