O custo do manejo anual da doença arterial coronariana no Brasil é bastante elevado se comparado com o de outros países. Um estudo publicado na revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia mostra que os males crônicos do coração, por paciente e por ano, chegam a custar tanto quanto nos Estados Unidos, por exemplo. Segundo o levantamento, os dois principais determinantes do alto custo são as internações com instabilização da doença e o gastos com medicamentos de uso contínuo. Os custos médios anuais, por paciente acompanhado durante a pesquisa, são de R$ 2.773,00 para o Sistema Único de Saúde (SUS) e de R$ 6.788,00 para o sistema privado.
Nos Estados Unidos, conforme dados também apresentados na pesquisa, o valor anual gasto com a doença arterial coronariana, por paciente, é de US$ 3 mil, o equivalente a R$ 6.800,00. ?De modo surpreendente, lá os valores são inferiores aos pagos pelo setor privado no Brasil?, descrevem os pesquisadores. Comparações feitas com o Reino Unido, outro país desenvolvido, também mostraram que no Brasil o custo é maior, por exemplo, para tratamento farmacológico de casos com angina ou pós-evento agudo.
Remédios mais baratos
Nos cálculos feitos a partir do acompanhamento médico de 147 pacientes, que em média mereceram atenção dos serviços de saúde durante dois anos, os gastos com medicamentos (em média R$ 1.154,00) representaram, para o SUS e para o setor privado, respectivamente 41% e 17% dos custos totais. Apenas em termos ambulatoriais, as taxas sobem para 80% e 55%. Conforme os pesquisadores, essas estimativas podem subsidiar análises econômicas nesta área, sendo úteis para nortear políticas de saúde pública.
Segundo os pesquisadores, o reconhecimento dessas diferenças internacionais e do alto custo que os problemas cardíacos têm no Brasil reforça a necessidade de que medidas mais efetivas para a correção dessas distorções sejam tomadas. Entre as soluções, explicam os autores da pesquisa, formas efetivas de subsídio devem ser pensadas e, também, maneiras para se reduzir o preço dos remédios usados nos tratamentos cardíacos.
Além disso, a doença arterial coronariana (DAC) está associada a importante morbidade. A necessidade de internações hospitalares, procedimentos diagnósticos e terapêuticos, acompanhamento médico e tratamento farmacológico continuado determinam um impacto econômico expressivo, segundo fontes governamentais. ?Estimativas dos custos desses eventos são essenciais para estudos de avaliação econômica e custo-efetividade das tecnologias direcionadas ao manejo da cardiopatia isquêmica?, concluem os pesquisadores.
