Apesar de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico (se diagnosticado e tratado oportunamente), as taxas de mortalidade continuam elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada nos seus estágios mais avançados. Dados apontam que, na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. No caso de pacientes abaixo de 40 anos, a sobrevida tende a ser ainda menor, já que a doença costuma ser descoberta em estágios mais avançados, uma vez que essas pacientes não estão inseridas na rotina de rastreamento da doença e somente buscam auxílio médico quando o tumor já se apresenta palpável.
O câncer de mama não possui uma causa definida, mas alguns fatores de risco são conhecidos, como o histórico familiar (mãe ou irmã com esse tipo de tumor na pré-menopausa) e a presença de alterações genéticas (modificações nos genes associados à doença). ?Quanto mais cedo for diagnosticada a predisposição e a paciente iniciar o acompanhamento médico e a realização de exames periódicos, mais chances ela terá de se curar caso venha a desenvolver a doença?, afirma Maria Helena Louveira, radiologista do Diagnóstico da América S/A (DASA).
Exame de rotina
O auto-exame é o principal aliado na detecção do câncer de mama. A inspeção visual e a palpação sistemática de cada mama pela própria mulher devem ser realizadas geralmente do 7.º ao 10.º dia após o início da menstruação. Atualmente cerca de 75% dos casos de câncer de mama são detectados pelo auto-exame, mas por não ser um costume já enraizado entre as mulheres, nesses casos o tumor freqüentemente já ultrapassa dois centímetros.
Humanização no atendimento
As técnicas de cirurgia plástica na área da oncologia são conhecidas por oncoplástica e cerca de 90% das mulheres optam por esse tipo de procedimento, já que os resultados são altamente satisfatórios. ?Em termos de qualidade de vida, de aceitação da doença e do próprio preparo psicológico para continuar o tratamento por quimioterapia, hormonioterapia ou radioterapia, o trauma é bem menor?, garante Cícero Urban, especialista em mastologia.
Hoje, no entender do especialista, a palavra-chave para o médico não é tratar nem atender o paciente, mas, sim, cuidar. Ele entende que o médico deve ter muita sensibilidade para tratar as mulheres com câncer de mama, pois elas chegam inseguranças e amedrontadas pelo estigma da doença. ?Por isso a preocupação com a humanização do atendimento, principalmente, em uma área tão delicada como essa?, completa.
Além do auto-exame, Maria Helena Louveira reforça que as mulheres devem realizar a mamografia pela primeira vez entre os 35 e 40 anos de idade e se submeter a controles anuais a partir dos 40 anos. Já a ultra-sonografia não é utilizada como método de rastreamento do tumor mamário, mas é um importante adjunto em determinadas condições, principalmente no esclarecimento de nódulos visualizados parcialmente na mamografia. Também é bastante importante na orientação de punções e biópsias de nódulos, que podem ser tanto sólidos quanto cistos, passíveis ou não de serem aspirados e resolvidos.
Conspiração do silêncio
Apesar de haver tratamento e cura para muitos casos, desde que se tome conhecimento do diagnóstico precocemente, a paciente com câncer de mama sofre alteração da auto-imagem e, principalmente, da auto-estima. Por isso, ela precisa contar com apoio psicológico profissional e com a ajuda dos seus familiares. “Reações como negação da doença, revolta, insegurança e medo são comuns nessas circunstâncias”, diz a psicóloga Rosana Trindade. Por seu lado, notadamente, a família experimenta sentimentos de impotência, falta de controle e teme pelo sofrimento de um ente querido.
De acordo com a especialista, muitas vezes, temendo piorar a situação ou buscando proteção, a família evita falar sobre a doença, instituindo o que os terapeutas denominam “conspiração do silêncio”.
A psicóloga acredita ser fundamental que as pessoas que convivem com o paciente oncológico tenham flexibilidade para adaptar sua rotina de vida e oferecer as melhores condições possíveis de tratamento ao doente. “Sempre que possível, é importante que familiares e amigos mais próximos incentivem o doente a continuar suas rotinas de trabalho e de lazer, estimulando a adesão ao tratamento”, avalia. Rosana Trindade sugere que a doença deva ser enfrentada de forma direta e objetiva, com a participação ativa da pessoa nas decisões relacionadas ao seu tratamento e à sua vida como um todo. “É fundamental conhecer a pessoa e não a doente que está em tratamento”, salienta a terapeuta, concluindo que também é necessário entender o papel da paciente na família e o significado que atribuem à doença para, assim, serem realizadas intervenções eficazes.
Principais sinais
Mulheres com menos de 40 anos de idade devem ficar atentas aos sinais do câncer de mama e, assim que um deles for percebido, procurar um médico o mais rápido possível.
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>> Modificações na pele, na aréola mamária ou no mamilo