Com a chegada das “frentes frias”, sete de cada dez idosos que procuram uma consulta médica o fazem por problemas respiratórios ou dores reumáticas. Fatores como declínio fisiológico que acompanha o processo de envelhecimento, redução de imunidade, doenças associadas, como a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), diabete melito, doenças cardiovasculares, demências e outras, a par das variações bruscas de temperatura, contribuem para que isto ocorra.
A gripe é uma infecção aguda, altamente contagiosa, causada pelo mixovirus influenzae, que, no idoso, pode evoluir de forma grave ou mesmo fatal para pneumonia, broncopneumonia, bronquite, sinusite, otite, encefalite e miocardite. Os principais sintomas são: febre, tosse seca, cansaço, calafrios, dores generalizadas e redução do apetite, levando o paciente, com freqüência, para a cama.
A DPOC que engloba a bronquite crônica e o enfisema pulmonar e tem como principal fator de risco o fumo, apresenta piora da sintomatologia durante o inverno, levando o paciente, com freqüência, para o hospital. Caracteriza-se por tosse crônica, falta de ar aos esforços, cansaço físico e infecções de repetição.
O melhor remédio ainda é a prevenção, sendo importante adotar algumas medidas, tais como:
* Evitar contato com pessoas gripadas e aglomerações, pois o vírus é transmitido pelo ar ou contato físico.
* Não fumar e evitar ambientes poluídos.
* Lavar bem as mãos, pois reduz as infecções.
* Procurar ingerir líquidos – de 6 a 8 copos de água por dia.
* Alimentar-se adequadamente.
* Fazer exercícios físicos regularmente, porém com moderação.
* Conservar a casa bem arejada.
* Manter as vias aéreas superiores livres de secreções, utilizando lenços de papel descartáveis.
* Procurar um serviço de saúde na vigência dos primeiros sintomas.
* Evitar a automedicação, visto que os medicamentos sintomáticos da gripe contêm, em sua fórmula, substâncias como efedrina, pseudoefedrina e antialérgicos que podem desencadear no idoso hipertensão arterial, taquicardia, arritmias cardíacas e sonolência, com as suas conseqüências.
* Pela mesma razão, evitar o uso de gotas nasais, como vasoconstritores, sem orientação médica.
* Evitar automedicação com antibióticos.
* Manter os aparelhos de ar condicionado revisados e limpos.
* Informar-se sobre esquemas de vacinação contra gripe e pneumonia penumocócica.
* Controlar o estresse, pois pessoas estressadas contraem gripe e resfriado com facilidade, devido à queda do sistema imunológico.
As dores reumáticas pioram durante os dias frios, não se sabendo ainda o motivo. São mais de cem os tipos de reumatismos, sendo que no idoso predomina a artrose. Consiste em um desgaste das cartialgens articulares que tem como função suportar o peso, facilitar o deslize durante os movimentos, funcionando como um amortecedor de choques. Para reduzir as crises de dor, utilizam-se analgésicos, antiinflamatórios, fisioterapia e cuidados posturais.
O inverno exige também cuidados especiais com a pele, ocorrendo redução de oleosidade, podendo levar a problemas como dermatite. Importante é reduzir o tempo gasto no chuveiro, utilizar água morna e manter a pele hidratada. O protetor solar, mesmo com o sol mais ameno, não deve ser dispensado.
Luiz Bodachne é médico geriatra do Hospital Universitário Cajuru da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.