Cuidado com o turismo do rejuvenescimento

Não apenas assuntos científicos marcaram a pauta das discussões do congresso de cirurgia plástica, realizado no Rio de Janeiro. Na reunião de especialistas também foram colocados em debate temas políticos, dentre eles, o ?turismo de cirurgia plástica?. A prática tem sido incentivada por agências de viagens em vários países e despertado a preocupação de diversos profissionais e da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), que lançou recentemente uma série de diretrizes internacionais na tentativa de coibir a ação de falsos médicos.

João Carlos Goés, presidente da entidade, comentou a iniciativa durante o encontro. Segundo ele, a ida de pacientes para outros países na tentativa de realizar cirurgias e tratamentos acontece devido a busca por tecnologias que ainda não estão acessíveis ou não autorizadas no país de origem. Apesar de não considerar esse tipo de atividade uma exclusividade da cirurgia plástica, o dirigente ressaltou a necessidade de se olhar de forma atenta para esse tipo de negócio, não só por conta do aumento de demanda (cerca de 20% ao ano), mas, também, por algumas dessas agências não possuirem vínculos com profissionais devidamente qualificados.

Diretrizes

Para os especialistas, o assunto remete primeiramente a um problema ético, já que o agenciamento de pacientes é uma prática condenada e o certo é ?evitar a comercialização de procedimentos médicos?. Soma-se a este fator uma preocupação com a segurança dos próprios indivíduos a serem operados, tendo em vista que nem todos profissionais que executam esse tipo de serviço são credenciados por sociedades ou associações médicas, ou possuem formação em cirurgia.

Tal tendência no ramo da cirurgia plástica fez com que a instituição criasse um comitê específico para debater a questão, fato que resultou na publicação de uma série de  diretrizes voltadas para o tema. A principal delas é a de que tais procedimentos sejam feitos por especialistas em cirurgia plástica, credenciados pelas entidades que disciplinam o setor em cada país. O texto da diretriz reprova, por exemplo, ginecologistas que fazem cirurgias de mamas ou dermatologistas que fazem um lift de face sem a devida formação.

Outro ponto abordado na lista de recomendações é a necessidade de o paciente verificar se ?a clínica ou o hospital escolhidos para a cirurgia são autorizados pelas entidades sanitárias do país?. Também é importante verificar se a equipe do local onde ocorrerá o ato cirúrgico possui membros que falem o idioma do paciente – a fim de facilitar a comunicação no caso de qualquer complicação no pós-operatório.

Outra preocupação do paciente é entrar em contato com o local onde ficará hospedado para saber se ele está adequado às necessidades pós-cirúrgicas, além de se informar sobre quanto tempo durará o seu processo de recuperação, a fim de evitar problemas burocráticos, como o adiamento de vôos e complicações durante a viagem. Goés ainda ressalta a necessidade de se saber, antes de viajar, qual médico ficará responsável pelos cuidados pós-operatórios. A relação com todas as diretrizes determinadas pela instituição pode ser encontrada no site www.isaps.org. O endereço eletrônico também contém um cadastro atualizado de especialistas em cirurgia plástica do Brasil, reconhecidos pela instituição.

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