A solidão não é um sentimento exclusivo dos adultos. As crianças, independentemente da idade, também sofrem com a falta de afeto, amor e atenção. Segundo a psicóloga e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Lidia Weber, a solidão em crianças está bastante ligada ao relacionamento que elas mantêm com seus pais.
Atualmente – com a vida cada vez mais corrida e a necessidade de se atender às exigências do mercado de trabalho – muitos pais acabam tendo pouco tempo para ficar com os filhos e acabam menosprezando os sentimentos dos mesmos, achando que as ansiedades e angústias manifestas são coisas normais de criança e que logo vão passar. “Estar presente não é necessariamente ficar o tempo todo junto com a criança. Existem pais que passam o dia inteiro em casa, na companhia dos filhos, e mesmo assim não conversam com eles”, afirma Lidia. “Por menor que seja o tempo disponível, os pais devem ter consciência de que precisam brincar com suas crianças, estabelecendo assim um bom relacionamento”.
A psicóloga explica que, embora as mulheres estejam ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, ainda é da figura masculina que meninos e meninas mais sentem falta. “Muitas crianças dizem que conversam com suas mães, mas que se relacionam pouco com seus pais. Reclamam que eles não ligam para seus problemas, estão sempre ocupados e não os elogiam diante, por exemplo, de uma nota boa na escola”.
Uma criança que sofre de solidão pode ter comportamentos bastante ligados à depressão. São sintomas do problema: perda ou ganho momentâneo de peso, desinteresse por ações que sempre foram prazerosas, isolamento, alterações de sono (insônia ou pesadelos) e baixo rendimento escolar. Tudo isso manifestado de forma constante.
Quando uma criança não se sente amada e sofre por não ter a atenção dos pais, também pode desenvolver sentimento de baixa auto-estima. Isso pode gerar conseqüências para a vida adulta, influenciando nos relacionamentos sociais e profissionais. “Por isso, os pais devem prestar atenção aos sentimentos de seus filhos. Se perceberem que a tristeza das crianças é constante, devem procurar ajuda psicológica”, finaliza Lidia.