As crianças se machucam com objetos na cozinha, com brinquedos no quintal ou com tomadas elétricas. Só que estes e outros acidentes domésticos, comuns nas residências de qualquer classe social, podem ser evitados com medidas extremamente simples. Por mais cuidadosos que sejam os pais, as crianças querem descobrir o mundo tocando, cheirando, engolindo e se aventurando com tudo ao seu redor e, assim, o menor descuido pode acabar em sérios problemas. Segundo o Ministério da Saúde, a primeira causa de morte entre crianças a partir dos cinco anos no Brasil são acidentes que poderiam ser evitados.
Só que esses ?acidentes? não ocorrem por acaso nem são produtos da fatalidade, pois existe, sempre, um fator de risco que poderia ser prevenido, em cerca de 80% dos casos. Segundo Eliane Mara Cesário Pereira Maluf, presidente da Sociedade Paranaense de Pediatria, é inadmissível que a nossa sociedade continue a tolerar e a assistir passivamente a disseminação do que ela chama de uma verdadeira ?epidemia silenciosa?, os acidentes pediátricos.
A médica Lúcia Helena Coutinho dos Santos, professora do Departamento de Pediatria da Universidade Federal do Paraná, autora de uma avaliação epidemiológica sobre esse tipo de acidente, realizada em Curitiba, diz que a criança, pela sua falta de noção do perigo, curiosidade ou controle motor em desenvolvimento, está sujeita freqüentemente ao risco de sofrer acidentes. O estudo aponta, também, que a desinformação dos pais sobre os riscos é um importante fator que inibe a sua prevenção.
O que fazer
O pediatra Frauzemar Santos Lopes procura sempre desmistificar algumas idéias erradas que algumas pessoas têm sobre como agir caso ocorra um acidente. ?A sabedoria popular nem sempre ajuda nessa hora?, declara. No caso de queimaduras, por exemplo, não se deve passar nenhum tipo de produto sobre o ferimento, e sim fazer compressas de água morna para fria. Outro erro, lembrado pelo médico, é com relação à ingestão de produtos tóxicos. ?Não é sempre que a criança deve vomitar o produto ou ingerir leite?, ressalta, advertindo que, sempre que houver ingestão dessas substâncias, é importante levar a pessoa e, se possível, a embalagem do produto ao médico o mais rápido possível.
A criança engolir, aspirar ou colocar objetos no ouvido também é bastante comum. Se o objeto foi engolido, não se deve fazer nada, pois ele sairá pelas vias naturais. Se estiver preso não se deve colocar as mãos para tentar retirar o objeto, pois isso pode empurrá-lo ainda mais para dentro. ?Se a criança não conseguir expelir o objeto deve ser levada ao hospital?, orienta Frauzemar Lopes.
Também são muito comuns os acidentes oculares. A oftalmologista Ana Tereza Moreira conta que atende vários casos de crianças com os olhos grudados com cola, queimados com cigarros ou atingidos por produtos de limpeza. Determinados produtos podem ser extremamente prejudiciais à visão. Não se deve esfregar ou colocar os dedos nos olhos caso haja um acidente, nem tentar tirar objetos que porventura fiquem colados. ?Se houver contato com produtos de limpeza, deve-se imediatamente lavar os olhos com água corrente em abundância, e encaminhar a criança ao pronto-socorro, com os olhos tampados por um pano limpo?, completa.
Principais fatores de risco de acidentes domésticos
– Utilização de móveis inapropriados.
– Fiação elétrica desprotegida.
– Brinquedos impróprios para a idade.
– Fogões, fornos, panelas e talheres com fácil acesso.
– Escadas sem proteção.
– Presença de crianças no banheiro sem a devida vigilância.
– Descuido com armas de fogo.
– Comportamento violento de adultos.
