Um garoto de cinco anos de idade foi internado no último final de semana, em Curitiba, após ter ingerido comprimidos para depressão e ataque epiléptico encontrados no lixo. Embora tenha sobrevivido, a criança chegou a entrar em coma e deu um grande susto em seus familiares. O caso chocou a comunidade. Porém, acidentes domésticos envolvendo a ingestão de produtos tóxicos por crianças são mais comuns do que a maioria das pessoas imagina.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde da capital, em 2003, foram atendidos na rede municipal de saúde 755 casos de intoxicação. Desses, 30,4% envolvendo crianças de zero a quatorze anos de idade. Segundo a médica pediatra e de emergência do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, Nora Nohora Castanheda Vargas, a principal causa de intoxicação entre crianças se dá pela ingestão de medicamentos, como pílulas anticoncepcionais, remédios para pressão, coração, calmantes e outros. Mas também existem casos de crianças intoxicadas após ingerirem produtos de limpeza – como sabão, veneno para rato e barata, solventes – como querosene – e mesmo cosméticos. “A maioria das vítimas é formada por crianças entre nove meses e cinco anos de idade, embora haja casos de crianças mais velhas”, relata.
A ingestão de produtos tóxicos, dependendo do tipo, pode levar à perda de consciência, vômito, convulsões, ataque cardíaco ou diminuição da freqüência cardíaca, coagulação sangüínea, coma (como no caso do garoto de Curitiba) e mesmo óbito. Produtos como querosene e gasolina, além dos problemas já citados, podem gerar queimaduras na boca e no tubo digestivo.
Também dependendo do caso, o socorro se dá através da observação de dados vitais, como pulsação e respiração, lavagem gástrica, aplicação de soro, respiração assistida e internamento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “A conduta médica irá depender do estado do paciente. Existem procedimentos próprios para casos mais simples e mais graves”, explica a pediatra.
Prevenção
Para prevenir acidentes domésticos envolvendo intoxicações, Nora aconselha os pais e responsáveis a sempre manter medicamentos, venenos, produtos de limpeza e cosméticos longe do alcance das crianças, guardando-os em locais trancados e mantendo suas embalagens sempre muito bem fechadas. Outro conselho é não jogar medicamentos no lixo, mas sim na pia do banheiro ou no vaso sanitário. Vidros de medicamentos na forma líquida também devem ser lavados antes de serem jogados fora, para eliminar resíduos de substâncias tóxicas.