Quando você vê uma criança sentada no banco dianteiro de um carro, solta ou no colo de um adulto, saiba que ali está uma vítima em potencial de graves acidentes.
Apesar de se constituir em uma infração de trânsito gravíssima e das campanhas de educação no trânsito ensinar que o banco traseiro é o local mais seguro para transportá-los, muitos condutores não respeitam a lei, colocando em risco a vida dos pequenos. Pesquisas confirmam que os menores têm cerca de 40% de chances de não se machucar, ou sobreviver, a um acidente, se estiverem devidamente protegidos.
Segundo o cirurgião Marcelo Ribas Alves, além dos cuidados com a velocidade, as condições do carro e da estrada, os responsáveis devem se preocupar em que condições as crianças estão instaladas dentro do carro.
A melhor proteção para elas é o uso de cadeiras e assentos de segurança, mas o médico salienta que não basta só acomodar a criança na cadeira, mas confirmar se os assentos estão colocados corretamente.
Os números são alarmantes. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, 6 mil menores de 14 anos morrem e 140 mil são hospitalizados por ano por causa de acidentes.
E o que é pior: as vítimas do trânsito violento das nossas cidades ajudam a engrossar as estatísticas. As colisões com vítima são mais comuns em ruas de pouco movimento e com baixo limite de velocidade. Um carro que bate a 50 km/h multiplica por até 50 vezes o peso de quem está dentro do veículo.
Perto de casa
“Assim, comparando, se um bebê pesa 10 kg (média de peso de crianças de um ano de idade), na colisão ele passa a pesar o correspondente a meia tonelada, quando é arremessado pelo interior do carro ou para fora do veículo”, afirma o pediatra Moises Chencinski.
Um levantamento das autoridades de trânsito mostra ainda que metade dos acidentes fatais ocorre a menos de 50 km de casa, sessenta por cento deles com menos de trinta minutos de passeio.
É na hora em que o condutor está mais relaxado que o pior pode acontecer. Isso porque ele se esquece de adotar medidas simples.
“Na maioria desses acidentes a criança não estava sendo transportada na cadeirinha ou da maneira correta”, constatam as autoridades.
Estudos americanos sobre o uso das cadeiras de segurança para crianças revelam que a sua instalação e o uso adequado diminuem os riscos de morte em até 71%.
“Sempre que uma criança não estiver adequadamente acomodada no carro, independente da velocidade, se o acidente não for fatal há riscos enormes de traumatismos crânio-encefálicos, de coluna e ferimentos cortantes que podem deixar sequelas graves”, adverte Chencinski.
Regulamentação
A partir do dia 9 de junho começam a ser aplicadas em todo o país as sanções ao uso incorreto dos chamados equipamentos de retenção nos veículos. A penalidade prevista no artigo 168 do Código de Trânsito Brasileiro considera a infração gravíssima e prevê multa de R$ 191,54, sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação e a retenção do veículo até que a irregularidade seja sanada.
A resolução que regulamenta o transporte de crianças de até dez anos de idade em veículos, determina que crianças de até sete anos e meio deverão ser transportadas obrigatoriamente no banco traseiro e nos dispositivos de retenção e, acima dessa idade, deverão utilizar o cinto de segurança do veículo.
Crianças de até um ano de idade deverão ser transportadas no equipamento denominado conversível ou “bebê conforto”, crianças entre um e quatro anos em cadeirinhas e de quatro a sete anos e seis meses em assentos de elevação.
Cuidados essenciais
* Os bebês devem andar de costas para o movimento até completarem um ano ou pesarem até 9Kg. As cadeiras devem ser do tipo bebê conforto ou conversível. Nesta posição, o bebê estará ma,is protegido contra ferimentos na coluna.
* As tiras da cadeirinha devem ficar abaixo do ombro.
* Deve-se ajustar as tiras da cadeirinha para que fiquem confortáveis e adequadas ao corpo da criança com uma folga de, no máximo um dedo.
* Recline a cadeirinha de costas para o movimento o suficiente para que a cabeça de seu filho possa descansar de forma plana na concha da cadeirinha. Nunca recline mais do que 45º.
* Nunca coloque nada entre a criança e a cadeira, como roupas grossas ou acolchoados. Esses materiais podem comprimir num acidente, provocando um afrouxamento e afetando a proteção da cadeira.
* Nunca use uma cadeirinha de costas para o movimento em posição frontal ou lateral a um compartimento de airbag. A força desses equipamentos pode resultar em ferimentos graves ou até morte.
* Se a cadeirinha de segurança de seu filho tiver uma alça, siga as instruções do fabricante. A maioria delas pede que as alças fiquem para baixo durante o transporte no carro.
* Os cintos de segurança dos carros são desenvolvidos para pessoas com no mínimo 1,45 metro de altura, portanto não servem corretamente para a maioria das crianças.
* Use um assento de segurança para que o cinto de três pontos do carro passe confortavelmente pelo meio do ombro, centro do peito e sobre os quadris da criança.
* Nunca permita que seu filho coloque o cinto peitoral embaixo do seu braço ou por trás das costas.
* Nunca transporte a criança no colo, mesmo no banco traseiro.
* As crianças devem sempre entrar ou sair do automóvel pelo lado da calçada.
* Por mais divertido que possa parecer para os pequenos, as crianças não devem, nunca, ser transportadas no compartimento de bagagem.