Corrida contra o tempo para minimizar efeitos do AVC

Estima-se que mais de 10 curitibanos sejam vítimas, diariamente, de acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecidos por derrame, e que acontece quando o sangue não consegue chegar ao cérebro. Isto pode ocorrer por uma isquemia – quando um coágulo entope o vaso sanguíneo – ou por uma hemorragia interna. A estatística é baseada em cálculos da Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborada para cidades com o porte da capital paranaense e fazem com que a doença seja um dos principais motivos de invalidez na idade adulta. ?Boa parte das vítimas, em virtude da desinformação, procura atendimento tardiamente?, observa o neurologista Otto Fustes, do Hospital Pilar, de Curitiba.

O especialista lembra que o AVC é uma emergência médica, assim o paciente deve ser encaminhado imediatamente para atendimento hospitalar. ?Existem recursos terapêuticos capazes de ajudar a restaurar funções, movimentos e fala e, quanto antes começarem a ser aplicados, melhores serão os resultados?, avalia o neurologista, responsável por um dos poucos serviços de emergência do País dedicada exclusivamente ao atendimento emergencial do AVC. A unidade tem UTI própria e funciona 24 horas por dia.

De acordo com Fustes, ao contrário do que ocorria no passado, os jovens também são vítimas freqüentes de derrames. ?Eles estão se tornando cada vez mais sedentários, além disso, alimentam-se mal, bebem ou fumam exageradamente, hábitos de vida prejudiciais à saúde?, adverte. Por conta disso, se tornam mais expostos, precocemente, aos fatores de risco para os AVCs, como a pressão alta (hipertensão), estresse, diabetes e colesterol alto.

Valorizar os sintomas

Quando menos esperam, as pessoas podem apresentar os sinais típicos do derrame. São eles: fraqueza muscular, dor de cabeça, sonolência, perda parcial dos movimentos da mão, braço ou pernas, dificuldades para falar, boca torta, dormência nas pernas ou mãos, perda da visão em um dos olhos. Apesar de facilmente identificados, são poucas as pessoas que valorizam tais sintomas antes que um acidente aconteça. Muitas vítimas, de acordo com Fustes, ao sentirem-se mal, deitam, se queixam para as pessoas próximas, simplesmente esperando para ver o que acontece. ?Em regra, preferem supor que estão sofrendo algum tipo de mal-estar passageiro, em vez de procurar atendimento imediato?, alerta o neurologista.

Se o acidente for causado por uma hemorragia dentro do cérebro, logo aparecem tais sinais. Quando o problema é decorrente de um ?entupimento? dos vasos sanguíneos do cérebro, os sintomas podem aparecer depois de algumas horas. Os sintomas de um derrame variam entre leves, moderados e severos. Estes podem ser transitórios (algumas horas), ou definitivos (deixam seqüelas).

De acordo com os especialistas, quanto mais cedo forem tratados os sintomas do derrame, melhores chances de o paciente ter boa recuperação, com menor número de seqüelas. Os médicos identificam uma ?janela terapêutica?, espaço de tempo em que a administração de alguns medicamentos, como trombolíticos e anticoagulantes podem diminuir a extensão dos danos no caso de acidentes isquêmicos. Passado esse tempo, pode ser indicada uma cirurgia para retirada de coágulos nos acidentes hemorrágicos ou de êmbolos obstrutivos nos acidentes isquêmicos.

Por isto, advertem, não importa a intensidade do quadro clínico, assim que surgem sinais suspeitos, um pronto atendimento deve ser procurado com a máxima urgência. A área afetada e o tempo de remoção, segundo Fustes, serão fundamentais para a reabilitação do portador.

De olho nos sinais

* Fraqueza ou paralisia de um lado do corpo

* Dificuldade de locomoção

* Deficiência visual

* Problemas na fala

* Perda de memória

* Dor de cabeça forte e sem motivo aparente

* Sonolência

Para se proteger de um AVC

* Controle a pressão arterial e o nível de açúcar no sangue

* Hipertensos e diabéticos exigem tratamento e precisam de acompanhamento médico permanente

* Procure manter baixo o seu índice do colesterol total.

Não tome nem deixe de tomar medicamentos por conta própria. Procure sempre a orientação de um médico

* Adote uma dieta equilibrada, reduzindo a quantidade de açúcar, gordura, sal e bebidas alcoólicas

* Não fume. O cigarro é um fator de alto risco para acidentes vasculares

* Estabeleça um programa regular de exercícios físicos

* Informe seu médico se em sua família houver casos de doenças neurológicas

* Procure manter atividades que reduzam o seu nível de estresse.

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