Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, as mulheres morrem mais que os homens de doenças cardiovasculares, em especial o ataque cardíaco e o derrame. A afirmativa é da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). E o que é pior: grande parte delas desconhece sua taxa de colesterol e não faz a menor idéia de que está correndo risco de sofrer um ataque cardíaco. As recomendações que assustam os homens parece que, entre as mulheres, não estão encontrando eco: a doença cardiovascular é a principal causa de morte em mulheres com mais de 35 anos, superando em seis vezes o número de mortes por câncer de mama, por exemplo. Além disso, há quase duas décadas, a taxa anual de mortalidade por doenças cardíacas no Brasil é maior em mulheres do que em homens.
Controle do colesterol é para sempre
Uma campanha realizada em São Paulo, patrocinada pelo Laboratório Pfizer, no segundo semestre de 2004, foi um importante passo para informar a população feminina sobre a importância de cuidar do coração. Na ocasião, uma pesquisa revelou que 44% das mulheres têm colesterol elevado, mas apenas 8% delas passam por cuidados atualmente. Das que não estão em tratamento, 24% disseram que foram tratadas anteriormente. ?Só que o colesterol se trata para o resto da vida, já que não se trata de uma terapia pontual?, adverte Antonio Felipe Simão, presidente da SBC.
Mulheres fumantes ou sedentárias, com sobrepeso ou com alguma pessoa da família que apresenta ou apresentou problemas cardiovasculares, devem colocar na sua agenda anual uma visita ao cardiologista. Só assim elas saberão como está seu coração e conhecerão os fatores de risco que podem comprometer a sua saúde cardíaca.
Prevenção começa na infância
Sabidamente, as mulheres buscam auxílio médico mais do que os homens. A pesquisa revelou que os especialistas mais procurados foram os ginecologistas e os cardiologistas. Só que, conforme os dados, pouco mais da metade dos médicos visitados solicitaram um exame de colesterol, por exemplo. De acordo com Antonio Simão, é um número muito baixo, considerando a importância das doenças cardiovasculares na vida da mulher e na sua qualidade de vida, principalmente após a menopausa. ?A única razão para não se pedir um exame de colesterol é o total desconhecimento epidemiológico da sua importância?, resume.
A mulher deve começar a se preocupar com o coração a partir dos 35 anos, quando os problemas se tornam mais evidentes. Muitas pacientes de alto risco não têm sintomas e não sabem que correm perigo. ?Elas só vão descobrir isso na consulta médica?, afirma o presidente. Sempre é tempo de modificar hábitos e viver de forma sadia. A prevenção das doenças cardiovasculares pode e deve começar na infância. Dá para começar combatendo pelo menos dois fatores de risco importantes: o sedentarismo e a obesidade. Para as mães, esse é mais um motivo para servir de exemplo e promover mudanças favoráveis à saúde cardiovascular da família.
Estatística preocupante
– 38% das mulheres morrem após um ano de sofrer o primeiro ataque cardíaco.
– 35% das sobreviventes ao primeiro ataque têm outro em seis anos.
– Mulheres têm o dobro de risco que os homens de morrer após uma cirurgia de ponte de safena.
– Um terço das mulheres apresentam sintomas cardiovasculares atípicos.
– Por isso, não reconhecem nem tratam os sintomas das doenças cardiovasculares.
– Como resultado, quando procuram o médico a situação está bem pior.