O colesterol alto é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), essas doenças correspondem a cerca de 30% do total de óbitos e representam a primeira causa de morte no mundo.
Por seu lado, o colesterol proveniente dos alimentos, que corresponde a 25% de toda essa substância no organismo, é absorvido pelo trato digestivo, processado pelo fígado e circula pela corrente sanguínea.
“Além da alimentação, outra fonte de colesterol, pouco conhecida, é o próprio organismo. O fígado produz cerca de 75% do colesterol, de acordo com as características genéticas individuais e constitui a maior fonte de colesterol total”, explica o cardiologista José Antônio Franchini Ramires. De acordo com o especialista, a genética determina, ainda, se uma pessoa absorve muito ou pouco o colesterol proveniente da alimentação. “A dieta, sozinha, é responsável pela elevação do colesterol no sangue em apenas 15% dos casos”, complementa.
Fatores de risco
O controle das duas fontes de colesterol é a forma mais eficaz de reduzir o LDL- colesterol (o “mau” colesterol) e, consequentemente, diminuir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e suas complicações, tais como infarto do miocárdio e derrame cerebral.
Essas complicações, geralmente, estão associadas à falta de atividade física, à alimentação rica em gorduras de origem animal, ao consumo excessivo de sal e calorias e ao estresse.
Entre eles estão níveis baixos de HDL (o “bom” colesterol), tabagismo, hipertensão arterial, histórico familiar de doença cardíaca, idade, obesidade e diabetes.
No entanto, o cardiologista adverte que o combate ao colesterol elevado pode não ser uma tarefa tão fácil.
“Os pacientes que já têm colesterol alto devem mudar os hábitos de vida, isto é, adotar e manter uma alimentação saudável e uma rotina de exercícios físicos, além de precisarem, em muitos casos, utilizar medicação diariamente”, reconhece.
Existem medicamentos que controlam o colesterol, atuando em duas frentes: bloqueiam a produção de colesterol no fígado e inibem sua absorção no intestino, ajudando maior número de pacientes a alcançar os níveis recomendados.
Os valores de colesterol considerados ideais dependem dos fatores de risco. Segundo as diretrizes das sociedades médicas, adultos saudáveis devem manter o LDL abaixo de 160 mg/dl, enquanto pessoas com mais de dois fatores de risco (por exemplo, fumantes, hipertensas e obesas) devem manter o LDL abaixo de 130 mg/dl. Já pacientes com diabetes e com doenças coronarianas devem manter o LDL abaixo de 100 mg/dl.
Doença silenciosa
O médico Mauro Scharf, endocrinologista do Curitiba Santa Casa / DASA, explica que o colesterol é a gordura da alimentação absorvida no intestino que entra na corrente sanguínea, sendo transportada por proteínas até formar o complexo lipoproteína (lipo = gordura).
As principais lipoproteínas são: HDL (conhecido como o bom colesterol), o LDL (denominado como o mau colesterol) e o VLDL. “O colesterol é necessário para algumas funções do organismo, como a produção de alguns hormônios e ácidos biliares, mas, em excesso, pode causar problemas”, comenta o especialista.
Como é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas, o diagnóstico é feito por meio de análises do sangue do paciente. Por isso, é muito importante a realização de exames periódicos.
“Eventualmente, o excesso de triglicérides (outra fração de gordura do sangue) pode levar ao surgimento de manchas ou erupções amareladas na pele”, completa o médico.
Alerta às mulheres
O coleste,rol está longe de ser a maior preocupação das mulheres brasileiras em relação à sua saúde: apenas 6% das mulheres confessam se preocupar com os fatores de risco para o coração.
Esta e outras conclusões foram identificadas em uma pesquisa realizada pela Merck Sharp & Dohme na América Latina. Nos últimos anos, a incidência das doenças cardiovasculares entre as mulheres aumentou bastante.
Hoje, elas constituem o grupo em que mais cresce o registro de níveis elevados de colesterol.A pesquisa reconheceu que no quesito “prevenção de doenças”, as mulheres posicionaram o câncer em primeiro lugar (45%), com doenças sexualmente transmissíveis (34%), hipertensão (6%) e, por último, colesterol elevado (3%).
Segundo a pesquisa, 87% não sabiam os próprios níveis de colesterol e apenas 40% haviam dosado o colesterol no sangue alguma vez. A pesquisa apontou ainda que, entre as mulheres com mais de 50 anos de idade, a taxa de desconhecimento dos níveis de colesterol também foi alta (70%).
De acordo com dados da Global Heart Federation, estima-se que, anualmente, mais de oito milhões delas morrem no mundo em consequência de uma doença cardiovascular. Esse número é quase oito vezes maior do que a mortalidade por câncer de mama ou seis vezes maior do que a causada pelo HIV/Aids.
Alimentos que deixam o colesterol alto
Bacon, biscoitos amanteigados, camarão, carnes vermelhas “gordas”, chantilly, creme de leite, doces cremosos, frituras, gema de ovos, lagosta, lingüiça, mortadela, peles de aves, queijos amarelos, salsicha, sorvetes cremosos e vísceras.
Alimentos que ajudam a baixar o colesterol
Aipo, ameixa preta, amora, aveia, azeite de oliva, bagaço da laranja, cenoura, cereais integrais, cevada, couve-de-bruxelas, couve-flor, damasco, ervilha, farelo de aveia, farelo de trigo, feijão, figo, mamão, mandioca, pão integral, pêssego, quiabo e vegetais folhosos.