Lentidão de movimentos, rigidez muscular, tremores e alterações no equilíbrio de forma progressiva são os principais transtornos que o parkinsonismo causa. Estima-se que, no mundo, a doença afete 1% das pessoas maiores de 60 anos de idade, independente de classe social, cor, sexo ou raça. No Brasil, estima-se que ela atinja cerca de 200 mil pessoas. A doença de Parkinson é apenas uma das formas de parkinsonismo e se constitui em uma deterioração do sistema nervoso central, que afeta as zonas do cérebro encarregadas do controle e da coordenação do movimento, do tônus muscular e da postura. O tremor, a dificuldade de marcha e a rigidez muscular são suas principais características.
À exceção do exame de tomografia com emissão de pósitrons (PET-SCAN), não existem exames complementares para a confirmação do diagnóstico da doença de Parkinson. Por isso, conforme o neurologista Paulo Jaques Rodrigues Leite, o diagnóstico da doença é inteiramente clínico. Para fazê-lo, o médico se orienta pelos sinais e sintomas neurológicos que o paciente apresenta, já que as causas do distúrbio ainda são desconhecidas. Estudos confirmam que fatores genéticos e ambientais estão entre as causas da doença. Segundo o neurologista Ehrenfried Othmar Wittig, outras doenças degenerativas ou intoxicação por manganês, gás carbônico e outros medicamentos que inibem a dopamina, um neurotransmissor químico que tem a função de regular a atividade motora, também podem dar origem à doença.
Atividades sacrificantes
O paciente que sofre de parkinsonismo tem o controle dos músculos comprometido, por isso todas as atividades diárias, mesmo as mais simples, se tornam complexas e sacrificantes. Paulo Leite explica que os tremores pioram em repouso e podem afetar as mãos, a mandíbula e as pálpebras. Outras manifestações são a rigidez muscular, dificuldade na mobilidade, falta de equilíbrio, imobilidade dos músculos da face e dificuldade na deglutição. Danos que, segundo o médico, podem levar o paciente a sofrer de depressão, além de outras doenças mentais.
Paulo Leite ressalta que, por conta dos sintomas da doença, o paciente tende a se isolar e passa a ter dificuldade de realizar as atividades do dia-a-dia. ?É comum o paciente só responder ao tratamento depois de passar por tratamento de depressão, às vezes de forma associada?, cita o especialista. O tratamento medicamentoso da doença serve para retardar as conseqüências incapacitantes do distúrbio. Assim, pacientes que passam por esses tratamentos conseguem uma longevidade maior.
O parkinsonismo muitas vezes é confundido com uma doença conhecida por tremor essencial, uma forma comum do distúrbio que acomete pessoas mais jovens. ?Essa é uma doença familiar, já que na maioria dos casos está ligada a fatores genéticos?, explica Paulo Leite. Com efeito, quem é acometido pelo tremor essencial, com o passar dos anos, tem importantes possibilidades de sofrer a doença de Parkinson.
O controle da doença é acessível a todos os pacientes. O Sistema Único de Saúde (SUS) distribui gratuitamente, por meio do Programa de Medicamentos Excepcionais do Ministério da Saúde, os medicamentos para a doença de Parkinson. Além disso, em Curitiba, a Associação dos Portadores de Parkisonismo também distribui os medicamentos sem qualquer custo e promove reuniões para prestar informações sobre a doença.
CUIDADOS QUE AJUDAM A MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA DOS PORTADORES DO MAL DE PARKINSON
Para quem convive com eles
* Não ingerir bebidas alcoólicas.
* Manter as áreas de circulação livres de obstáculos.
* Instalar luzes para a circulação noturna.
* Eliminar divisórias de vidro no banheiro.
* Colocar tapetes de borracha antiderrapante no piso do banheiro.
* Usar copos plásticos.
* Instalar corrimãos nas escadas.
Para os portadores da doença
* Manter um programa de caminhadas e exercícios físicos.
* Usar sapatos macios com solados de borracha.
* Cortar os alimentos em pedaços pequenos e comê-los lentamente.
* Beber os líquidos em pequenos goles.
* Utilizar andador, quando necessário.
* Não utilizar escadas ou bancos para alcançar objetos.
* Parar e sentar durante a caminhada, caso apresente tonturas.
* Usar roupas e sapatos com fechos de velcro.
* Ao se levantar da cama, apoiar as mãos na cama e os pés no chão, para dar impulso e ficar em pé.
Simpósio Internacional
Curitiba debaterá este mês os principais temas relacionados à doença de Parkinson e outras formas de demências, durante o ?II Simpósio Internacional de Neurogeriatria?. O evento está programado para 22 e 23 de abril, no Hotel Sheraton Four Points e terá como convidados internacionais os especialistas Andrew Lees (Inglaterra), David Knopman (EUA) e Philip Scheltens (Holanda), além de diversos pesquisadores das principais universidades brasileiras. Para Paulo Jacques Leite, é uma importante oportunidade para prestar esclarecimentos à população sobre as características da doença.
Serviço: Informações pelo telefone (041) 343-1451 ou no site www.sbcmpr.com.br