Contracepção em regime estendido melhora sintomas menstruais

Os avanços em contracepção hormonal estão proporcionando às mulheres a opção de alterar seu ciclo menstrual com o objetivo de reduzir a freqüência do sangramento mensal por períodos de meses ou até anos.

Um estudo europeu, realizado com mais de 1.400 mulheres, em que 175 foram avaliadas em regime estendido, observou melhora significativa nos sintomas relacionados à menstruação, como dor nas mamas e cólicas, além de melhorar o bem-estar das usuárias de modo geral. O contraceptivo utilizado no estudo, drospirenona associada a etinilestradiol, está sendo lançado no mercado brasileiro com apresentação de 28 comprimidos pela Libbs Farmacêutica, com o nome de Elani 28.

?Por conveniência ou condições clínicas, muitas mulheres têm se beneficiado da suspensão do sangramento mensal?, afirma o Dr. Achilles Machado Cruz, ginecologista e obstetra, cirurgião do Hospital Alvorada, de São Paulo.

Segundo o médico, autor da separata ?Atuais evidências do Regime Estendido?, as principais situações clínicas em que a indução da amenorréia (suspensão da menstruação) é indicada são anemia, cefaléia menstrual, inchaço, cólicas, tensão pré-menstrual, fluxo menstrual excessivo, mioma uterino e endometriose.

Desde o lançamento da pílula anticoncepcional, há 45 anos, o esquema utilizado foi sempre com intervalo livre de hormônios por sete dias, permitindo que, com a privação dos hormônios, acontecesse a menstruação. Com o passar do tempo, no entanto, descobriu-se que boa parte dos incômodos e efeitos colaterais do tratamento acontecia durante a pausa.

Por esta razão, os primeiros estudos sobre o uso estendido de contraceptivos orais combinados surgiram com o objetivo de tratar esses sintomas. Porém, muitas mulheres, por vontade própria, começaram a emendar cartelas de anticoncepcionais tradicionais de 21 comprimidos, excluindo os sete dias de pausa, visando evitar a menstruação, pois, diferentemente do que se pensava no passado, hoje o fluxo menstrual está longe de ser considerado um fenômeno natural e ?normal?.

Para muitas mulheres é um incômodo físico e psíquico insuportável. Foi então que a pesquisa científica passou a avaliar a segurança desse método para uso de mulheres sem indicações clínicas.

Um estudo brasileiro, coordenado pelo Dr. Rogério Bonassi Machado, médico ginecologista e chefe do Departamento de Tocoginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí, publicado na revista científica Contraception, avaliou a segurança do regime estendido em 45 voluntárias.

O estudo comprovou que o uso contínuo da pílula anticoncepcional tem os mesmos efeitos na mulher que a pílula tomada com pausa mensal. Segundo o Dr. Rogério Bonassi, alguns médicos acreditavam que o uso contínuo poderia deteriorar o perfil metabólico das usuárias.

"O estudo mostrou que não, e confirmou que a pílula usada em regime estendido se comporta da mesma maneira do que a usada com pausas, podendo ser uma boa alternativa de contracepção", afirma ele. Além disso, a taxa de amenorréia (ausência de sangramento) foi crescente a partir do terceiro mês de tratamento, atingindo 81%.

 Preferência feminina

Recentes estudos confirmaram a preferência das mulheres em eliminar ou reduzir a freqüência das menstruações. Um estudo holandês com 325 mulheres demonstrou que 71% delas escolheriam mudar seu padrão menstrual para uma freqüência menor ou até mesmo nunca menstruar. Um estudo brasileiro, também realizado sob a coordenação do Dr. Rogério Bonassi, apresentou resultados semelhantes: 61,5% das entrevistadas preferiram ter sangramento a cada três, seis, doze ou mesmo nunca, enquanto que 38,5% delas preferiram menstruar.

Segundo o Dr. Rogério Bonassi, ?não há razões terapêuticas para o sangramento durante a pausa da pílula anticoncepcional. Pelo contrário: há benefícios em não haver sangramento?. Muitas mulheres, porém, ainda têm dúvidas sobre a necessidade da menstruação.

O estudo mostrou as justificativas mais comuns entre as mulheres que consideram necessário o sangramento mensal: tentar aproximar ao ciclo menstrual natural, ?limpar? o organismo dos hormônios, certificar-se de que não engravidou e prevenir o sangramento inesperado. Segundo o organizador do estudo, porém, ?nenhuma dessas razões têm comprovação científica?. Por isso o conhecimento sobre ação hormonal dos contraceptivos é primordial para a mulher decidir se irá suspender a menstruação.

São considerados ?regimes estendidos? ciclos de 35 dias (tomando 28 comprimidos e parando sete dias), 45, 60, 120 ou até a suspensão total da menstruação por anos seguidos. O Elani, contraceptivo em lançamento, possui 28 comprimidos e é composto por dois princípios ativos, o etinilestradiol, que é a forma sintética do hormônio feminino estrogênio, e a drospirenona, que é o hormônio progestogênio sintético.

?A drospirenona é um contraceptivo oral de baixa dose, de quarta geração que, além de evitar a gravidez com alta eficácia, proporciona benefícios não contraceptivos, como a diminuição da retenção hídrica (inchaço corporal) e da oleosidade da pele, evitando a acne, a seborréia e o aumento de pêlos?, afirma o Dr. Achilles Machado.

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