No Brasil, o consumo de álcool está aumentando rápida e intensamente. Em todo o mundo, nos últimos 20 anos, o tabaco mostrou tendência de decréscimo, mas revelou crescimento, de forma preocupante e assustadora, entre os jovens e crianças. Esses dados sobre o consumo das chamadas “drogas lícitas” (cujo consumo é tolerado por lei) constam no trabalho Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, elaborado pela professora brasileira Beatriz Carlini Marlatt, integrante do corpo docente da Universidade de Washington, EUA. A pesquisadora esteve há poucos dias em Curitiba, e ministrou, na Pontifícia Universidade Católica (PUC), conferência e participou de debates sobre dependência química.
Em 1999, a Organização Mundial da Saúde desenvolveu pesquisa, abrangendo 153 países, para conhecer a verdadeira situação sobre o uso per capita de álcool puro. O Brasil ficou situado em 63.º lugar. Comparativamente a outros países, apresentou consumo mediano, concentrado em cervejas. A cerveja possui, em média, 4% de álcool puro; vinho, 12%; destilados, 45%. Dados comparativos de consumo de álcool entre as décadas de 1970 e 1990, em 137 países, o Brasil apresentou crescimento da ordem de 74,5%. O dado coloca o nosso país entre as 25 nações que mais aumentaram o consumo de bebidas alcoólicas no mundo.
Acidentes
Segundo Beatriz, a conseqüência do aumento do consumo de álcool é mais gente sofrendo acidentes automobilísticos, de trabalho, afogamentos e dependentes químicos em tratamento. Análises dos exames toxicológicos realizados pelo Instituto Médico Legal de São Paulo, em 1994, revelaram que 52% das vítimas de homicídio, 64% dos afogamentos fatais e 51% dos vitimados fatalmente em acidentes de trânsito concentravam nível elevado de álcool na corrente sangüínea. “Temos que estar alertas para o problema do consumo de drogas, principalmente, nas populações mais jovens”, advertiu a professora.
De 1970 a 1998, o Brasil conseguiu diminuir em 43,6% o consumo per capita de tabaco, conforme dados da National Tabacco Information On-line System. “Embora os dados mostrem decréscimo, na população adolescente o consumo cresce muito rapidamente. Se pensarmos que o cigarro mata lentamente, em 10 anos a população brasileira enfrentará problemas de saúde muito sérios, em decorrência do tabagismo”, insistiu Marlatt.