Um furacão passa, o vento derruba os postes de transmissão e falta energia. É mais ou menos o que acontece quando uma pessoa sofre um acidente vascular cerebral (AVC), conhecido popularmente por derrame – um grande evento que ocorre no cérebro e “desliga a força”.

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Além disso, a queda dos “postes de transmissão” impede que as artérias forneçam sangue ao cérebro. Embora diferentes tipos de derrames e vários lugares onde eles podem ocorrer, o AVC tradicional acontece quando um vaso sangüíneo importante sofre obstrução e se rompe, causando um colapso em suas funções.

Com efeito, as partes do cérebro que não recebem sangue morrem e não podem funcionar adequadamente, por isso, muitas pessoas que sofrem de um derrame não falam nem movimentam certas partes do corpo.

De acordo com a neurologista do Hospital Pilar Cláudia Panfílio, é importante conhecer os sintomas mais comuns que antecedem um AVC para que o atendimento médico seja iniciado o quanto antes.

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A médica lembra que cada minuto é vital para quem está tendo um evento desse porte e precisa de ajuda médica. “Existe uma janela de três horas para que se possa realizar a terapia adequada e tentar reverter déficits neurológicos”, atesta.

Para isso é fundamental que o atendimento correto seja realizado imediatamente. Assim, entre três e seis horas é necessário que o paciente se submeta a um cateterismo. “Após este período ainda é possível tratar, porém, a resposta tende a ser menor”, reconhece a especialista.

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Falta de atenção

Uma pesquisa com a população brasileira sobre o AVC, publicada em fevereiro na revista Stroke – principal periódico científico internacional da área – mostra resultados alarmantes: 90% dos brasileiros dizem não ter nenhum tipo de informação sobre o AVC.

“Existe muito desconhecimento sobre a doença no Brasil, que não tem recebido a atenção necessária das autoridades”, afirma o neurologista Octávio Marques Pontes Neto, coordenador do estudo.

Conforme o especialista, a situação se agrava, ainda, pois a maioria dos pacientes procura muito tarde o atendimento médico por desconhecimento da doença e de seus sintomas iniciais, o que dificulta o reconhecimento e encaminhamento rápido para um hospital adequado. O AVC é a principal causa de incapacitação neurológica no Brasil, e, também, uma das três principais causas de morte no país.

Para Cláudia Panfílio é muito importante saber quais são os sintomas mais comuns da doença. “Dores de cabeça súbitas e sem causa aparente, perda de visão, dormência nos braços e pernas, dificuldade em articular as palavras, perda do equilíbrio e vertigem intensa associada a náuseas são alguns desses sintomas”, descreve a médica.

Ela alerta, no entanto, que apesar do atendimento médico rápido ser essencial, nem sempre estes sintomas são sinais de um AVC. Mais freqüente em idosos, o derrame está atingindo também a população mais jovem, devido aos maus hábitos alimentares, à falta de exercícios e ao estresse.

“Estudos indicam que hoje um em cada quatro homens e uma em cada cinco mulheres vão sofrer um AVC até os 85 anos de idade”, alerta a neurologista. Os fatores de risco são os mesmos de outras doenças arteriais.

Obstrução momentânea

O derrame envolve a falta de oxigenação no cérebro (isquemia) e, também, as hemorragias cerebrais causadas por aneurismas ou então más formações vasculares.

A literatura médica aponta a principal causa de AVC como sendo a isquemia, correspondendo a aproximadamente a 80% dos casos.

Da mesma forma que uma tempestade tem o poder de interromper o fornecimento de energia por alguns minutos ou por tempo indeterminado, um derrame pode ter esse mesmo poder, provocando danos de vários graus.

Um ataque isquêmico transitóri,o, por exemplo, pode ser considerado um miniderrame, no qual as artérias ficam obstruídas momentaneamente. Na verdade, pode ser considerado um precursor de um AVC “completo”, apesar de ser mais fácil de tratar. “A recuperação depende sempre do alcance dos danos ao cérebro após a interrupção no fornecimento de sangue”, completa a neurologista.

Números alarmantes

>> 70% dos que sobrevivem a um AVC não retornam ao trabalho
>> 50% morrem no primeiro ano após o acidente.
>> 30% necessitam de auxílio para caminhar.
>> 20% ficam com seqüelas graves e incapacitantes.
>> As chances de ocorrer um segundo evento aumentam em 9 vezes.

Sinais de alerta

Além da predisposição genética (casos da doença na família), existemalguns fatores de risco que podem levar ao AVC:

>> Ter mais de 45 anos
>> Estar obeso
>> Tabagismo
>> Hipertensão arterial
>> Diabetes
>> Índices elevados de colesterol
                   
Pacientes não procura atendimento emergencial porque:

>> Não reconhecem os sintomas
>> Pensam que se trata de algum mal passageiro
>> Desconhecem que se trata de uma emergência
>> Acreditam que nada podem ajudá-los
>> Sentem medo de ter o diagnóstico confirmado
>> Tremem só de pensar em uma emergência hospitalar

Hospital Pilar realiza campanha de prevenção ao derrame cerebral

Como a prevenção e o acompanhamento médico são importantes para evitar danos causados por um AVC, o Hospital Pilar deu início no sábado (com continuação nos  próximos três sábados seguintes) a sua 2.ª Campanha de Prevenção do AVC, efetuando o exame gratuito de ecodoppler de carótida (técnica que analisa os vasos que levam o sangue do coração para o cérebro e indica se há risco de ocorrer um acidente vascular). Além disso, cardiologistas e neurologistas do hospital vão informar e orientar sobre os sintomas, tratamento e as conseqüências da doença.

Os interessados em participar precisam ligar para o número disponibilizado pelo hospital e agendar o horário. As condições para realização do exame são idade acima de 60 anos e algum fator de risco para o derrame, como obesidade, hipertensão, colesterol alto ou diabetes. O atendimento é gratuito.

SERVIÇO

2.ª Campanha de Prevenção ao AVC
Local: Hospital Pilar
Endereço: Avenida Des. Hugo Simas, 333 – Bom Retiro
Datas: Dias 26/7; 2 e 9/8 (três próximos sábados)
Horário: das 8 às 18 horas
Telefone para agendar os exames: (41) 3077-5939