Você sabia que quanto menos você faz, menos quer fazer? Nossas mães já se indignavam com o nosso ritmo adolescente e nossa interminável preguiça e preconizavam várias frases iguais a esta pela casa, para ver se alguma coisa melhorava. É fato que na puberdade começa um processo hormonal muito interessante, que implica em sucessivas mudanças físicas que irão transformar o corpo da criança e, conseqüentemente, influenciar os rumos de sua personalidade.

Tanta mudança sempre faz uma bagunça e, por isso, dizemos que os adolescentes são meio desatentos, têm sono demais, alteram muito o seu humor, nunca estão satisfeitos e assim por diante.

Hoje em dia, temos observado um fenômeno importante que volta e meia nos confunde: a apologia do ritmo pessoal. Nos últimos anos, a idéia de se respeitar o próprio ritmo virou uma febre tanto entre os educadores, que passaram a entender por que uma criança aprendia antes do que a outra da mesma idade, quanto para as pessoas de uma maneira geral. Muitos se enquadraram nessa idéia e houve um levante mundial pelo respeito ao desenvolvimento humano e suas limitações.

A partir de então, ficou mal vista toda e qualquer forçada de barra, toda e qualquer imposição prestabelecida, tanto em algumas instituições de ensino quanto nas cabeças mais arejadas. Claro que no mundo adolescente essa realidade se aplica muito bem, mas o adulto acabou fazendo um uso marginal do conceito, deturpando-o.

Por conta do tal “ritmo”, muita incompetência não é levada a sério, muita falta de responsabilidade é perdoada e muita má vontade relevada. Sabe aquela história de faz devagar, mas faz bem feito?

Isso é ritmo pessoal. Não fazer a tarefa solicitada, enrolar para resolver os problemas e realizar tarefas, dar uma de esquecido, como na adolescência, e atribuir isso ao ritmo pessoal é absolutamente incorreto. Quando analisamos equipes de trabalho no exercício de suas funções, percebemos que qualquer ritmo se adapta a uma exigência bem elaborada e adequada.

Cada pessoa tem seu ritmo produtivo satisfatório, que deve, na maior parte do tempo, ser respeitado e considerado. Sabemos que cada empresa, cada casa, cada grupo de amigos e até cada cidade tem suas particularidades, mas todo ser humano pode se adaptar a qualquer coisa desde que isso coincida com suas possibilidades ou que ele queira aprimorá-las.

Sim, cada pessoa tem seu ritmo e isso deve ser respeitado e não utilizado para justificar a falta de comprometimento ou o descaso com o qual as pessoas são capazes de tratar seus empregos, sua saúde, a educação dos filhos ou os relacionamentos.

Além do mais, ritmo pessoal nunca deixará de andar junto com o interesse e esse, com certeza, é capaz de mobilizar e “acelerar” qualquer um.

Silvana Martani, p

sicóloga.
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