Como é difícil começar de novo

Pensar em inventar uma desculpa qualquer para não ter de voltar ao trabalho, após as férias, é uma sensação compartilhada por praticamente 35% dos trabalhadores ativos. A afirmação vem de um estudo realizado por uma universidade espanhola e ganhou até um nome: síndrome pós-férias, descrita como um período curto (no máximo duas semanas) em que o indivíduo pode apresentar desde ansiedade até uma leve taquicardia. ?Tudo isso é normal, a não ser que esse período se prolongue?, comenta o médico do trabalho Leslie Marc D?haese.

Esse número expressivo de pessoas, sempre que retorna das férias, sofre de algum tipo de desconforto, dentre os quais, fadiga, falta de apetite, alterações no humor e, até mesmo, distúrbios do sono. O médico insiste que tudo isso é normal, pois todos temos um humor cíclico. Conforme D?haese, no período de férias, sem a pressão de cumprir compromissos ou horários, o organismo tende a reorganizar suas funções, adaptando-se a um novo ciclo, bem mais relaxado. ?O retorno, por sua vez, exige um reajuste progressivo desse ciclo?, esclarece.

Conforme a médica Suzete Grassi Garbers, também especialista em medicina do trabalho, o período de férias é ideal para as pessoas recarregarem suas baterias e voltar, com o ânimo renovado para um novo período de trabalho. Ela também reconhece que nem sempre isso acontece, destacando que o impacto da volta pode se tornar positivo ou negativo. ?Depende do modo com que cada pessoa encara a sua realidade?, observa. No seu entender, se o indivíduo está bem enquadrado no seu ambiente de trabalho, maiores são as chances de retornar satisfeito, de bem com a vida. ?Senão, nem doze meses de férias vão surtir o efeito desejado?, salienta.

Adaptação

Por muito que custe, os especialistas recomendam que se regresse de viagem um pouco antes do início das aulas ou do primeiro dia de trabalho. Chegar direto de uma viagem para a sala de aula ou para o escritório faz qualquer um se sentir deslocado. Outra recomendação é a de que a pessoa apareça no escritório um dia antes, só para rever os colegas e colocar a conversa em dia. Também é de bom tom não tentar realizar tarefas complicadas nos primeiros dias, optando por tarefas simples e fáceis de se concluir.

A especialista lembra que no dia-a-dia o tempo é marcado pela hora de despertar, de começar o trabalho, de almoçar e de dormir, atividades esquecidas quando estamos de férias. ?Por isso, o corpo reclama da mudança, daí o cansaço e a sonolência?, ressalta. Após passadas algumas semanas, os trabalhadores conseguem se readaptar e retomar as suas atividades normais. No entanto, se a pessoa, nesse período, permanecer com os sintomas da síndrome, a orientação de Leslie Marc D?haese é para que o auxílio médico seja procurado.

Quem sofre mais

* Os jovens em início de carreira são um dos grupos mais propensos a sofrer da síndrome pós-férias.

* As mulheres sofrem mais do que os homens, já que o regresso de férias implica em assumir, além das obrigações profissionais, as tarefas domésticas.

* O grau da depressão pós-férias vai depender muito da estrutura emocional da pessoa.

* Pessoas com hábitos de vida saudáveis têm menor tendência à síndrome.

* Ambiente de trabalho mais propenso ao estresse influi na incidência do distúrbio.

* Se os sintomas persistirem por mais tempo procure auxílio médico, pois podem indicar um problema de saúde mais grave, entre eles, a depressão.

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