A meta é imunizar mais de 10,6 milhões de brasileiros contra o vírus. |
No Brasil, a população de idosos ultrapassa 14 milhões de pessoas. Essas pessoas são mais vulneráveis às doenças em geral e a gripe é uma das que ameaça a saúde de quem tem mais de 60 anos. A gripe pode até levar o paciente à morte. Desde 1999, quando o governo iniciou as campanhas, estima-se que foram evitadas cerca de 51 mil internações, decorrentes de complicações da gripe. Este ano o governo federal está investindo R$ 105,1 milhões na Sexta Campanha de Vacinação de Idosos, que será realizada de hoje a 30 de abril.
A meta para 2004 é imunizar mais de 10,6 milhões de brasileiros contra o vírus influenza, causador da gripe. Este ano, a campanha quer chamar a atenção para o fato de que a vacinação reduz significativamente a incidência de doenças pulmonares, cardiovasculares e cerebrovasculares
Por uma limitação tecnológica, não é possível produzir doses de vacinas em quantidade suficiente para atender às necessidades de toda a população mundial. Por serem mais vulneráveis à gripe e suas complicações, as pessoas com mais de 60 anos são priorizadas nas campanhas. Entre os mais jovens, a gripe não representa um problema de saúde pública.
Estrutura
Cerca de 265 mil pessoas trabalharão na campanha e 46 mil veículos estarão disponíveis para o deslocamento das equipes de atendimento. Cinqüenta e sete mil postos de vacinação vão funcionar em todo o País. As áreas de difícil acesso já começaram a vacinar os idosos desde o dia 12 de abril, com pessoas viajando até as áreas mais remotas, como comunidades ribeirinhas da região Norte ou áreas rurais afastadas. Nesses locais os governos colocarão barcos à disposição dos vacinadores para eles chegarem até a população. Os estados do Pará, Amapá, Amazonas e Acre terão, cada um, uma aeronave disponível para facilitar o transporte de equipes e vacinas.
Os idosos que não puderem ir aos postos de saúde deverão – eles próprios ou por meio dos familiares – entrar em contato com a Secretaria da Saúde de sua cidade. Após o contato, equipes de saúde serão enviadas às residências, durante ou após o período da campanha, dependendo da capacidade de cada estado, para atender à demanda.
Investimento
Dos R$ 105,1 milhões que o governo está investindo na campanha, R$ 87,1 milhões serão usados na compra de 16,6 milhões de doses de vacina contra a gripe e R$ 7,3 milhões na aquisição de 300 mil doses de vacina contra pneumococos (Streptococcus pneumoniae), que protege contra pneumonia. O Ministério da Saúde também repassou aos estados e municípios R$ 4,6 milhões, para ações de mobilização e treinamento de pessoal para as campanhas. O governo ainda destinou aproximadamente R$ 6 milhões para divulgação da campanha.
Combinação
A vacina é produzida com base nas três cepas (subtipo de vírus) de maior circulação no Hemisfério Sul. Essa combinação torna a dose mais potente. Ela diminui em 90% dos casos o risco de contrair a doença. A dose leva duas semanas para surtir efeito. A vacina precisa ser tomada todos os anos.
A campanha ainda beneficiará com a vacina contra a pneumonia idosos internados em hospitais, casas geriátricas e instituições assistenciais que não tenham recebido a dose nos últimos cinco anos.
Mesmo pessoas cardíacas, asmáticas, diabéticas, hipertensas, com insuficiência renal ou hepática e portadores sintomáticos ou assintomáticos do vírus da aids (HIV) ou com outro estado de baixa imunidade devem tomar a vacina contra a gripe. Só não podem se vacinar pessoas que tenham alergia comprovada à proteína do ovo e ao Timerosal (mercurocromo ou mertiolate).
Recomendável ir cedo aos postos
A diretora executiva da Secretaria Municipal da Saúde de Londrina, Margaret Shimiti, alerta aos idosos para que comecem a procurar os postos o quanto antes a fim de receber a vacina contra a gripe. A meta da Secretaria da Saúde é atender 44.273 idosos na cidade. Hoje, as unidades fazem a vacinação das 8h às 14h. Para os idosos que estiverem passando pelo centro, a opção é procurar o posto de atendimento no calçadão da Avenida Paraná (em frente ao Branco do Brasil).
Em 2002, a secretaria atingiu 70% da meta prevista para receber a vacina. Dos 43.073 idosos, 30.214 foram atendidos. No ano passado, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos que foram vacinadas aumentou: 34.482 dos 43.674, que representam 79%. “Pedimos aos idosos que procurem as unidades nos primeiros 15 dias. Assim, vamos evitar filas e transtornos nas unidades”, disse Margaret Shimiti.
Somente na unidade José Belinati, localizada no centro de Londrina, foram aplicadas mais de 5 mil vacinas. Segundo a coordenadora da unidade, Vera Lúcia Roncaratti, nos primeiros dias da campanha, em média cem idosos procuravam o posto por dia. No último dia, ocorreu pico de atendimento: cerca de 400 idosos estiveram na unidade para tomar a vacina antigripe. “Tivemos fila em torno da unidade, que poderia ter sido evitada caso os idosos tivessem vindo antes. É melhor não deixar para última hora”, explicou Vera.
O grande número de idosos atendidos no José Belinati, de acordo com a coordenadora, se justifica pelo fato de a unidade estar localizada na região central, próxima ao Terminal Urbano de Transporte Coletivo de Londrina. Para atender mais idosos e evitar as filas no final da campanha, durante 15 dias, a unidade terá espaço especial para a vacinação.
As doses que não forem utilizadas na campanha poderão ser destinadas a pessoas com idade inferior a 60 anos, que sejam portadores de HIV, diabetes, síndrome de Down, neoplasias, hipertensão, imunodepressão e insuficiência renal crônica. Cardiopatas, pneumopatas e presidiários têm direito à vacina.
Diferenças entre gripe e resfriado
Na maioria das vezes, os principais sintomas sentidos por pessoas atingidas por uma gripe são febre, coriza, dor de cabeça, garganta inflamada, tosse seca e mal-estar generalizado. Os idosos e portadores de doenças crônicas são mais vulneráveis aos efeitos dessa doença. Oferecida gratuitamente, a dose contra o vírus influenza, causador da enfermidade, além de evitar a gripe, ajuda a prevenir outros problemas de saúde.
Uma das dificuldades no combate à gripe é fazer a população entender a diferença entre essa doença e o resfriado. Como o resfriado é mais leve, parte da população deixa de tomar as precauções necessárias contra a gripe, por achar que ela também representa um problema menor.
A gripe é uma doença bastante contagiosa, transmitida de pessoa a pessoa por meio das vias respiratórias, por espirros, tosses ou durante uma conversa e pode se transformar em problemas de saúde mais graves como a pneumonia. A doença dura em média uma semana. Os antigripais eliminam os sintomas, porém não curam. Previne-se a gripe com a vacina.
Diversos germes originam o resfriado. Seus sintomas são parecidos com os da gripe, embora mais fracos e de curta duração. Normalmente o resfriado tem como sintomas coriza, dor de garganta e, eventualmente, febre. Não existe vacina para resfriado.
Onde a vacina estará disponível
Em Curitiba, a abertura da vacinação será às 11h, na Boca Maldita, com a presença do secretário municipal da Saúde, Michele Caputo Neto. Nesse primeiro dia, a vacina estará disponível nas cinco unidades municipais de saúde 24 horas (Albert Sabin, Boa Vista, Boqueirão, Campo Comprido e Sítio Cercado), nas unidades Eucaliptos, Nossa Senhora da Luz, Ouvidor Pardinho, Bairro Alto, Cajuru e CRE Barão, das 8h às 17h. A tenda de vacinação na Boca Maldita estará funcionando hoje e nos dias 19 e 20 e 22 a 24 de abril, das 8h às 17h. Até 30 de abril a vacina poderá ser aplicada em todas as 105 unidades de saúde, no horário de funcionamento.
A meta do Ministério da Saúde é vacinar em todo o País 70% da população-alvo da campanha. Em Curitiba, a população acima de 60 anos está estimada em 142.912 pessoas. Em 2003, Curitiba superou a meta do Ministério da Saúde, vacinando 128.669 pessoas, uma cobertura de 91,5%.
As doses contra gripe podem ser aplicadas junto com qualquer outra vacina. Durante toda a campanha, as unidades de saúde estarão também atualizando o esquema de vacinação contra o tétano e a difteria, além da vacina dupla. Por isso, é importante que os usuários levem a carteira de vacinas aos postos de vacinação.
Como o vírus da doença tem uma capacidade muito grande de mutação, a cada ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica a composição da vacina conforme os tipos de vírus em circulação.