Coceiras e lesões avermelhadas na pele são popularmente chamadas de alergia. No entanto, muitas vezes, essas irritações são sinais de uma doença crônica, a dermatite atópica, que causa inflamação e lesões de diferente gravidade na pele. Uma pesquisa realizada por dermatologistas aponta que perto de 10% da população brasileira sofrem com o distúrbio. Outra constatação é de que mais de 70% dos casos da doença têm caráter hereditário.
A dermatologista Lilian Nishino, da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Seção PR, explica que a dermatite atópica pode surgir em qualquer idade, mas é mais comum na infância, afetando principalmente rosto, braços e pernas, mas as suas manchas avermelhadas também podem surgir por todo o tronco. Nos adolescentes e adultos, as lesões são mais escuras e se localizam nas dobras do corpo, como pescoço, cotovelo, ou atrás do joelho. ?A doença pode surgir na infância e se prolongar até a adolescência?, avisa a dermatologista, salientando que geralmente está associada à rinite alérgica e à bronquite.
A pessoa nasce com essa predisposição e vários fatores como poeira, pêlos de animais, bichinhos de pelúcia, entre outros, podem desencadear as coceiras e alergias na pele. As vítimas da dermatite também reagem de forma adversa a componentes externos como picadas de inseto, inalantes ou certos tipos de alimentos. A dermatite atópica não é contagiosa e costuma melhorar com a idade. ?Em cerca de 80% dos casos, ela desaparece até a adolescência?, ressalta Lilian.
Anti-histamínicos
Conforme os especialistas, a dermatite atópica altera o metabolismo dos lipídios epidérmicos que formam o cimento celular, ou seja, há uma diminuição ou falta de ceramidas, colesterol e ácidos graxos. Essa alteração na barreira cutânea leva à maior perda de água e o conseqüente ressecamento da pele, além de facilitar a penetração de agentes alérgicos. Assim, o paciente coça muito a região e acaba ferindo a pele. O tratamento da dermatite atópica tem por objetivo amenizar e espaçar as crises provocadas pela perda de água e pela penetração de alérgenos e microorganismos, além de ser indicado de acordo com a fase da doença. Nas fases mais agudas é indicado o uso de creme emoliente e hidratante que diminuem a inflamação.
Lilian Nishino recomenda o uso de medicamentos anti-histamínicos para diminuir a coceira. A dermatologista enfatiza que a hidratação é fundamental. Por isso, ela indica o uso de cremes emolientes que tratam o ressecamento da pele, banhos com água morna, além de ser necessário evitar o contato com agentes alérgicos como detergentes, ácaros, fumaça de cigarro, produtos químicos e roupas que causem irritação, como lã ou fibra sintética.
Com base nesse quadro e em trabalhos recentes sobre a doença, a indústria farmacêutica vem desenvolvendo cremes cada vez mais eficazes. Também existem medicamentos antialérgicos por via oral que trazem ótimos resultados. A médica recomenda que os pacientes evitem coçar para não machucar a pele. ?Não tem como prevenir a doença, mas sim, as suas manifestações?, adverte a especialista. Para se conseguir um diagnóstico preciso da doença, é necessário procurar ajuda médica especializada.
Para prevenir
* Procure manter a pele hidratada
* Evitar banhos prolongados com água muito quente
* Não coçar
* Evitar tapetes, cortinas, bichos de pelúcia
* Não brincar com areia ou terra
* Evitar o contato com pêlos de animais
* Manter a casa limpa e arejada