| Chuniti Kawamura / O Estado do Paraná |
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| Eduardo Gurkewicz: medo fica no subconsciente. |
O clareamento dentário virou moda. A afirmação é quase uma unanimidade entre os profissionais da odontologia. A mídia é um dos principais fatores de influência para a crescente procura desse procedimento. Mas os dentistas garantem que nenhum tratamento tem durabilidade se o paciente não fizer a manutenção adequada.
A valorização da beleza e a preocupação com a imagem é uma questão cultural do brasileiro. A avaliação é do coordenador do curso de especialização de dentística da Associação Brasileira de Odontologia, e professor da mesma disciplina na Pontifícia Universidade Católica, Sérgio Vieira: “O apelo pela estética no País é muito grande, e isso se estende hoje à área da odontologia”, comentou. Segundo ele, nos últimos dez anos, a indústria vem investindo muito nessa área. A mídia, principalmente televisão e revistas, tem um papel preponderante nesse comportamento.
A cirurgiã dentista Elizabeth Gonçalves de Carvalho identificou que grande parte dos pacientes vão ao consultório para colocar um aparelho ortodôntico ou clarear os dentes. “Eles não estão preocupados com o tratamento e sim com a estética”, afirmou. O modismo é tanto, acrescenta ela, que as pessoas buscam cremes dentais que oferecem clareamento e não uma boa higienização. Tem pessoas que exageram, e acrescentam ao creme dental uma porção de bicarbonato de sódio. “Só que esse excesso provoca o desgaste do esmalte do dente”, alerta.
A dentista Marilza Betoni Gurkewicz, que é especialista em estética, afirma que antigamente os pacientes iam ao dentista para um tratamento ou prevenção, “hoje eles buscam uma mudança de fisionomia e de visual”. Além do clareamento, procuram aumentar o tamanho dos dentes ou mudar o sorriso. Segundo Marilza, a sensação do momento são as lâminas de porcelana. Com elas é possível refazer os dentes e mudar o sorriso.
Uma das principais reclamações dos pacientes nos consultórios dos dentistas é em relação à dor. O cirurgião dentista especialista em implante e periodontia, Eduardo Gurkewicz, afirma que o “medo do dentista” começa desde criança, já que muitas mães fazem a associação do profissional com o castigo: “Se você não me obedecer, vou te levar ao dentista”. Essa mensagem, afirma Eduardo, fica no subconsciente e faz com que a pessoa cresça com esse medo. Diversas técnicas vêm sendo desenvolvidas para reduzir esse temor, como o emprego de soníferos, anestesia pelo computador ou por pressão, além de procedimentos a laser que substituem a barulhenta broca.
Já os procedimentos para o clareamento não necessitam de anestesia e nem de broca, e por isso têm grande adesão. Porém, Gurkewciz destaca que eles podem provocar grande sensibilidade. Além disso, se o paciente tiver alguma restauração, ela precisa ser trocada depois do procedimento para ficar na cor dos dentes, e isso é feito de forma convencional.
Entre os clareamentos existentes hoje, há os chamados “caseiros”, onde o paciente utiliza uma placa com a moldura dos dentes e aplica diariamente peróxido de carbanida, até obter o resultado esperado. O procedimento pode ser feito no consultório dentário, e o produto é aplicado pelo dentista, sendo o resultado muito mais rápido. Já as lâminas de porcelana são aplicadas pelo profissional, e o processo é muito mais invasivo, porque é necessário desgastar os dentes.
A durabilidade do clareamento pode chegar a até oito anos. Isso vai depender da manutenção do paciente, que inclui a redução da ingestão de líquidos como café, chá preto e refrigerantes, além do cigarro. Também influenciam a boa higiene e limpeza dos dentes. Já as lâminas podem durar até dez anos, e as indicações para isso são as mesmas que do clareamento. A opção de cada procedimento vai depender de cada caso paciente, pois cada um reage de uma forma. As aplicações das lâminas não são indicadas para quem tem bruxismo ou hábitos parafuncionais, como ranger e apertar os dentes. O custo do clareamento varia de R$ 500 a R$ 1,5 mil. Já as lâminas têm o mesmo custo, só que o valor é individual, ou seja, para cada dente.