Ana Maria, hoje com 40 anos de idade, conhece os sintomas da cistite. Pelo menos três vezes ao ano, ela passava por crises da doença.

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“Nunca procurei um especialista, era medicada pelo ginecologista ou clínico”, lembra.

Ela conta que tomava inúmeros antibióticos, que melhoravam os sintomas até a próxima crise.

Um médico dizia que a causa da doença poderia ser de uma posição na relação sexual que machucara a uretra ou a falta de higienização frequente.

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Outro condenava a calça jeans, as calçinhas de lycra ou ainda algum alimento picante. Dor, vontade constante de urinar e ardência durante a micção. Esses são os principais sintomas da cistite, inflamação da bexiga que atinge cerca de 50% da população feminina, e que podem impedir as mulheres de exercer atividades cotidianas.

A doença tem tratamento e pode ser evitada a partir de cuidados simples. A infecção é causada por bactérias que proliferam na região do períneo e invadem a bexiga. A verdade é que a anatomia feminina favorece a “migração” de bactérias do trato gastrointestinal.

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“Se a bexiga não for esvaziada periodicamente e sempre que necessário essas bactérias têm a possibilidade de se multiplicar, levando à doença”, explica a ginecologista Patrícia de Rossi, autora do Manual de Ginecologia de Consultório (Editora Atheneu).

Uretra menor

Os incômodos causados pelos sintomas da cistite afetam a rotina das mulheres. Além da dor, há um desejo de micção repentino e freqüente, em pouca quantidade e em curtos intervalos. Em casos agudos, a urina pode vir acompanhada de sangue. “Algumas mulheres não conseguem nem mesmo trabalhar porque a dor e o desconforto costumam ser intensos”, enfatiza a médica.

O tratamento, que deve ser indicado por um médico, é realizado com o uso de antibiótico apropriado para esse tipo de infecção. De acordo com a especialista, outras substâncias podem aliviar os sintomas, mas não têm a capacidade de eliminar as bactérias do trato urinário.

O urologista David Kulysz explica que, na maioria dos casos, as infecções urinárias são mais freqüentes na mulher adulta com vida sexual ativa, mas que apresentam gravidade moderada, a não ser quando há fatores de risco associados.

Segundo o especialista, o sistema urinário é normalmente estéril e livre de bactérias. Assim, as infecções urinárias surgem quando ele é invadido por bactérias de origem intestinal, que penetram na uretra.

Dois fatores anatômicos explicam a maior propensão das mulheres a desenvolverem cistites: a proximidade com o ânus, local de fácil contaminação, mesmo com hábitos higiênicos cuidadosos, e pelo comprimento da uretra. Para se ter uma idéia, nos homens ela mede cerca de 25 cm e nas mulheres apenas três.

Relações sexuais

Nem sempre todas as manifestações da doença estão presentes e a intensidade pode variar em diferentes pacientes. Essa infecção não costuma ser acompanhada de outras complicações e, por isso, são desprovidas de consequências mais sérias. “Contudo, produzem grande desconforto e sofrimento, justificando seu pronto tratamento”, observa o médico.

As relações sexuais são as causas mais importantes para o surgimento da doença e a atividade sexual intensa aumenta a chance de uma mulher contrair infecção do trato urinário. Outros fatores de risco são: infecções anteriores, idade avançada, menopausa, pedra nos rins, diabetes, complicações imunológicas e tendência genética.

O tratamento tem um caráter não específico, mas com vantagens comprovadas no uso de antibióticos. O objetivo é eliminar os episódios agudos e prevenir que a doença se estenda por outras partes do corpo.

“As recidivas podem ser frequentes e mais graves, mas, se o tratamento for seguido à risca, a probabilidade de cura é considerável”, ressalta Kulysz, compl,etando que é necessário tomar os medicamentos respeitando o tempo recomendado pelo médico, mesmo que os sintomas tenham desaparecido com as primeiras doses.