Cirurgia plástica exige bom senso

Além de fama e a conta bancária recheada de dinheiro, Donatella Versace, Cher, Michael Jackson e Jocelyn Wildenstein têm em comum um visual meio “estranho”.

Assim como outras estrelas internacionais e até mesmo algumas nacionais, essas celebridades já se submeteram às cirurgias plásticas por uma, duas, três ou mais vezes.

Muitos deles já “passaram pela faca” tantas vezes, que, pode ser que nem mesmo saibam o número exato de procedimentos cirúrgicos que se submeteram e quanto já gastaram para “melhorar” o visual.

Passar por uma cirurgia plástica estética que melhore o visual é o desejo de todos os pacientes. Afinal, ninguém quer piorar o visual e sim ficar mais belo e com a autoestima elevada.

“Quando o paciente vem ao consultório, ele chega com uma idéia na cabeça, inclusive já imaginando como será o resultado, mas nem sempre o aquilo que ele acha que ficará bom, realmente terá um resultado satisfatório”, descreve Ewaldo Bolivar de Souza Pinto, cirurgião plástico.

Estica-e-puxa

O especialista ressalta que isso acontece, principalmente, quando a pessoa passou por cirurgias anteriores em que os resultados não foram satisfatórios. “Por isso é necessário trocar informações com o médico, analisar e o principal: prevalecer o bom senso, tanto da parte do paciente quanto da parte do cirurgião”, reconhece.

O “estica-e-puxa” no rosto, muito comum entre as mulheres acima dos 50 anos de idade que adoram frequentar clínicas de estética, é o procedimento que mais pode causar “estragos” quando ocorrem exageros.

De acordo com Bolivar, quando bem feita, uma única cirurgia no rosto é suficiente para satisfazer visualmente por pelo menos uma década. O cirurgião plástico insiste em salientar que o bom senso sempre há de prevalecer.

“No Brasil, temos excelentes resultados de ritidoplastia e blefaroplastia (técnicas faciais), com pacientes que ganharam uma aparência muito mais jovem e natural, sem aquele aspecto de pele repuxada”, avalia.

Sem arrependimento

Diante de cada paciente, é fundamental que o médico com especialização em cirurgia plástica reconheça as restrições e os limites daquela pessoa. Com efeito, o médico não pode fazer tudo que o paciente quer.

Carlos Oscar Uebel, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica cita, por exemplo, que não se pode colocar próteses de silicone de 500ml nas mamas de uma mulher que mede 1,50m. “Além de esteticamente ficar desproporcional e exagerado, mais para frente aquela pessoa poderá ter problemas, como dores na coluna”, observa.

O médico lembra também a importância de a pessoa conhecer bem o cirurgião plástico (escolher preferencialmente por indicação de outro médico, familiares ou amigos e saber se ele é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica).

Depois disso, passar por todos os exames pré-operatórios solicitados pelo médico e nunca se deixar operar em consultório ou clínica sem condições de dar suporte integral a vida, ou seja, que não possua um CTI e pessoal habilitado e treinado na manutenção da vida em pós-operatório.

“A cirurgia plástica evoluiu muito nos últimos 20 anos”, exalta Uebel, salientando que, no entanto, ela está aí para ser utilizada de forma responsável. “O exagero muitas vezes faz a pessoa entrar em conflito com ela mesma, afinal o que desejava não aconteceu ou aconteceu o contrário”, diz. “Daí, para frente, é só arrependimento”, finaliza o vice-presidente.

Computador ajuda a evitar exageros

A pessoa, finalmente, decidiu fazer a tão sonhada cirurgia plástica, mas está com medo de saber como ficará seu visual.

A mulher pode estar com receio de que seus seios fiquem grandes demais ou que seu nariz fique muito arrebitado. O homem pode não ter muita certeza se a “repaginada” no nariz vai melhorar seu visual.

Para esses “indecisos” os problemas acabaram. Está cada vez mais difundido o uso do computador p,ara simular o resultado da cirurgia antes que o paciente “entre na faca”.

Um novo software (programa de computador) que permite um estudo prévio do resultado da cirurgia plástica foi desenvolvido por uma empresa americana e está sendo muito utilizado no mundo.

A simulação é feita de forma rápida e sem muitos transtornos. Primeiro, a equipe médica tira fotos da paciente em diversos ângulos. Essas fotos são analisadas pelo programa de computador e, com a utilização das ferramentas disponíveis no software, as mudanças são feitas pelo cirurgião plástico.

Graças aos recursos disponíveis no programa, muito parecido com o já conhecido Photoshop, o médico consegue apresentar ao paciente um estudo que mostra como poderá ser o resultado da cirurgia.

Segundo o cirurgião plástico Ewaldo Bolivar de Souza Pinto, um dos coordenadores do último Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, realizado em São Paulo, no mês de março, a utilização do programa é muito importante, pois o cirurgião consegue avaliar previamente como será o resultado e o paciente também se sente mais seguro, pois muitas vezes chega ao consultório indeciso, sem ter a menor idéia de como ficará sua aparência após a cirurgia.

O médico ressalta que o paciente deve estar ciente que se trata apenas de uma simulação e que o resultado verdadeiro da cirurgia depende de diversos outros fatores clínicos.

Simulação na tela

* Mamoplastia – aumento ou diminuição dos seios
* Cirurgias de contorno corporal como lipoaspiração, lipoescultura e abdominoplastia (cirurgia para melhorar o abdome)
* Rinoplastia – cirurgia de nariz
* Octoplastia – cirurgia para correção de orelhas em abano
* Blefaroplastia – cirurgia para amenizar os sinais de envelhecimento na região dos olhos
* Facelifting – cirurgia para rejuvenescimento da face
* Também simula os resultados obtidos por meio de técnicas menos invasivas, como aplicação de ácido hialurônico
ou toxina botulínica

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