A pergunta mais freqüente entre os homens, tanto os que desejam escolher a vasectomia como método contraceptivo ou os já vasectomizados, é se existe a possibilidade de reverter a cirurgia. Os motivos que os levam a optar pela reversão pode ser o desejo de ter outros filhos, seja por viuvez , separação, perda do mesmo, ou simplesmente restabelecer a fertilidade.
De acordo com Dr. Paulo Egydio, urologista especializado em andrologia do Hospital das Clínicas, com o avanço das técnicas de microcirurgia os casos de sucesso para a cirurgia de reversão aumentaram. A chance de aparecimento de espermatozóides no sêmen para as reversões com o método de vasovasostomia, varia de 85 a 97% e aproximadamente 50% dos casais conseguem gravidez.
“Para a maioria dos casos de reversão, a vasovasostomia é o procedimento cirúrgico mais indicado. Ele restaura o fluxo de espermatozóides através da ligação dos vasos deferentes, obstruídos pela vasectomia (neste caso é feito a conexão das duas extremidades do ducto deferente que foi ligado e/ou seccionado)”, explica o urologista.
Porém, em algumas situações, como por exemplo as que apresentam maior tempo de vasectomia ou a ligadura da vasectomia muito próxima do epidídimo (estrutura que está em íntimo contato com o testículo), as chances de se ter uma obstrução deste canalículo é maior. Desta maneira, o espermatozóide pode ficar bloqueado no epidídimo e não chegar aos vasos deferentes. “Quando isso acontece é necessário fazer uma vasoepididimoanastomose (conexão entre o ducto deferente livre de obstrução direto neste canalículo do epidídimo). Esta cirurgia é mais delicada e exige experiência do cirurgião em microcirurgia que deverá estar preparado para fazer a reconstrução, se necessária, durante a operação” ressalta Dr. Paulo Egydio.
Antes da cirurgia, o paciente pode passar por um exame prévio com o urologista para checar alguns pontos importantes para o êxito da reversão, como o comprimento que ficou entre os vasos deferentes após a vasectomia. “Quanto mais longo os vasos permaneceram, maiores as chances da reversão dar certo”, diz o urologista. Também é importante a palpação dos epidídimos porque se estes estiverem endurecidos, as chances de uma vasoepididimoanastomose aumentam. “Vale ressaltar novamente, que a decisão de se fazer uma vasoepididimoanastomose depende do diagnóstico realizado durante a cirurgia. A porcentagem de indicações para este tipo de intervenção pode chegar até 30% dos casos”, ressalta dr. Paulo Egydio.
A cirurgia para a reversão é de rápida recuperação, e na maioria dos casos o paciente sai do hospital no mesmo dia. Após o procedimento alguns sintomas como pequenos inchaços, manchas roxas ou descoloração na área escrotal, podem aparecer. Estes sinais e sintomas geralmente desaparecem em alguns dias. Complicações mais graves como infecção e severos hematomas escrotais são raros.
Para retornar a atividade sexual o prazo médio é de 3 semanas após a cirurgia. A primeira análise de contagem de espermatozóides deve ser feita 3 meses depois do procedimento. Este exame deve ser repetido novamente num intervalo de três meses.