Cirurgia inédita no Paraná é bem-sucedida

A recuperação de uma garotinha de um ano e sete meses de idade, Mayara Ferreira dos Santos, vem surpreendendo a equipe médica do Centro de Cirurgia de Epilepsia do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. No último dia 21 de julho, a menina foi submetida a uma cirurgia considerada inédita no Paraná.

Mayara, que vive em Cascavel, na região Oeste do Estado, nasceu com uma doença rara, denominada hemimegaencefalia, que é identificada por um crescimento anormal de uma das metades do cérebro e que pode causar determinados graus de retardo mental e epilepsia. Devido à pouca idade da menina, ainda não é possível saber se ela tem algum déficit de aprendizagem, mas as crises epilépticas sempre fizeram parte de sua vida.

“Mayara começou a ter crises desde os primeiros dias de vida. Antes da cirurgia, chegou a ficar dois meses em crise contínua”, explicam os médicos neurologistas do HC, Luciano de Paola e Carlos Silvado. “Em decorrência da doença e das diversas internações, que geraram conseqüências como infecções hospitalares, ou a menina era operada ou iria a óbito”.

A cirurgia, que teve duração de 12 horas e envolveu equipe multidisciplinar, se caracterizou pela retirada de todo lado direito do cérebro da paciente, o que a fez perder os movimentos do lado esquerdo do corpo. “Como Mayara é uma criança, está passando por um fenômeno cerebral chamado plasticidade, no qual o lado do cérebro que ficou acaba assumindo as funções do lado que foi retirado”, informa Luciano.

Assim, quase dois meses após a cirurgia, Mayara já movimenta um pouco a perna esquerda. Nos próximos anos, a expectativa dos médicos é de que ela comece a andar e a movimentar o braço esquerdo, tendo algumas dificuldades apenas para mover a mão. Desde que o lado direito do cérebro foi retirado, as crises epilépticas deixaram de acontecer. “A perspectiva de que a menina não tenha mais crises no decorrer de toda sua vida são de 50% a 60%”, dizem os neurologistas. “Hoje, ela, que já teve que tomar quatro medicamentos para controlar as crises, toma apenas um. Para recuperar os movimentos, ela terá que ser submetida continuamente a sessões de fisioterapia”.

Mãe

A mãe de Mayara, a catadora de papéis Lucimara Ferreira dos Santos, se mostra bastante contente com a recuperação da filha. Ela conta que teve medo que a garota morresse durante a cirurgia e que está feliz por poder ficar com a filha em casa e não no hospital. “Antes, minha filha passava mais tempo no hospital do que em casa. Agora, tenho esperanças de que ela possa levar uma vida normal”, diz.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo